Para quem costuma olhar apenas a "última linha", ou seja, o lucro líquido, pode levar um susto com o balanço da Lojas Renner em 2021: queda de 42,2%, de R$ 633,1 milhões ante R$ 1,09 bilhão em 2020. Quem acompanha a coluna já está bem informado: isso ocorreu porque a empresa se beneficiou de uma ação na Justiça contra pagamento de PIS/Cofins.
— Descontado esse valor não recorrente, o lucro de 2021 seria 11 vezes maior do que o de 2020. Tivemos uma melhora substancial da operação em 2021 — reforça Daniel Santos, diretor financeiro da companhia.
Em todo 2021, a receita líquida de varejo cresceu 43% sobre 2020 e 13% sobre 2019, ano anterior à pandemia, detalha o executivo. Na conversa sobre os resultados do ano, a coluna aproveitou para pedir uma resposta mais posicionada sobre o episódio em que a Arezzo informou ter disposição para compra e listou a Renner entre os alvos. Na época, a resposta foi ambígua: a empresa "não comenta rumores de mercado". Desta vez, Santos foi assertivo:
— Não procede, não existe nenhuma conversa nesse sentido.
Parágrafo, nova linha. Conforme o diretor financeiro, o último trimestre do ano passado trouxe "surpresa positiva":
— Houve um crescimento robusto, comparado com o mercado, 20 pontos percentuais acima da média. As vendas do quarto trimestre cresceram 22%, ante 20% do mesmo período de 2020. E foi um crescimento tanto em número de peças quanto de tíquete (valor das compras). Encerramos o ano ganhando mercado, com vendas acima das de 2019, ou seja, melhores do que no pré-pandemia.
Chamou atenção da coluna o dado de que a Lojas Renner já tem cerca de 190 parceiros no seu marketplace (shopping virtual, que vende por site ou app). São empresas de terceiros que usam as ferramentas da gigante do varejo para vender seus produtos. Santos acrescentou que, contatos os da Camicado, que pertence à Renner, já são 400.
— A estratégia é continuar crescendo e acelerar. Não temos uma meta específica, mas queremos aumentar o sortimento de forma controlada. Queremos que faça sentido na dinâmica de life style, temos uma curadoria para selecionar quem entra e como entra. Vamos continuar crescendo, mas com inteligência por trás.
A venda digital da Renner, acrescentou Santos, aumentou 220% em relação a 2019. Antes da pandemia, representava cerca de 4% do total, hoje já chega a 13%. Para isso, disse que o centro de distribuição bilionário da rede vai começar a operar em breve, no segundo trimestre, em Cabriúva (SP).
— É uma operação essencial para a nossa estratégia omni (que usa todos os canais, os físicos e os digitais), para atender as lojas e o consumidor final.