Em tese, a Lojas Renner estava em momento "compras", capitalizada por uma oferta de ações. Nesta quinta-feira (27), a informação de que a Arezzo, grupo de moda com sede em Belo Horizonte (MG), tem o grupo gaúcho de varejo na mira, provocou surpresa no mercado.
A coluna procurou a companhia para confirmar ou negar a possibilidade e recebeu uma nota com resposta seca: "A Lojas Renner informa que não comenta rumores de mercado".
Embora seja uma resposta-padrão para movimentos sobre os quais não tem controle, a varejista poderia ter aproveitado para reiterar que sua disposição é de consolidadora, não de consolidada, ou seja, de compradora, não de possível comprada. Não o fez.
A informação sobre a disposição da Arezzo de comprar outras empresas, inclusive a Renner, foi publicada pelo jornal Valor Econômico. Conforme a reportagem, a empresa de origem calçadista, mas que está determinada a se tornar uma "casa de marcas", estaria informado a investidores que tem interesse em aquisições de "primeira linha", como Renner, C&A, Centauro e Amaro. Já teria ocorrido "sondagens" a esses alvos potenciais, "sem clara evolução até agora".
A Arezzo está em contato com potenciais interessados em uma nova oferta pública de ações de até R$ 830 milhões. No ano passado, quando comprou a marca carioca Reserva, avaliada em R$ 715 milhões, o presidente da empresa mineira, Alexandre Birman, afirmou que a intenção é formar "o maior grupo de moda do Brasil".
Embora não seja assim que se avalia corporações para compra, é preciso observar que o valor de mercado da Renner (total de ações multiplicado por seu valor) está ao redor de R$ 20 bilhões. Com "b" de bola. Ou seja, há um abismo de cifras a vencer para algum interessado em "consolidar" a varejista gaúcha. Na manhã de quinta-feira (27), a cotação chegou a subir 2%, mas à tarde virou para leve recuo.
No ano passado, a Renner comprou a Repassa, uma plataforma online de revenda de vestuário, calçados e acessórios. No mesmo dia do anúncio, a coluna conversou com o CEO da rede, Fabio Faccio, e o diretor de estratégia e novos negócios, Guilherme Reichmann, que afirmou:
— Temos a missão de ser a grande consolidadora no mundo de moda e lifestyle na América Latina.
No terceiro trimestre de 2021, data do mais recente balanço disponível, a Renner teve lucro de R$ 172 milhões e avisou que pretende abrir de 40 a 50 lojas neste ano.