Apesar de ter informado em nota ao mercado ter protocolado "junto à CVM, pedido de prorrogação de prazo de cumprimento de exigências relacionadas ao Pedido de Registro da Oferta de 9 dezembro de 2021", a Corsan afirma que não se trata de novo adiamento, como registrou a coluna.
A companhia contesta o texto publicado na sexta-feira (18) em nota à coluna (leia abaixo), sustentando que não há dificuldades no cumprimento das exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Conforme o diretor financeiro da empresa, Douglas Casagrande, a capitalização da Corsan que vai determinar sua privatização "não é um mero IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações)":
— É uma modelagem complexa, passa por um processo de negociação com municípios. Em janeiro, o controlador decidiu postergar, e voltamos para a prancheta para avaliar eventuais efeitos técnicos para a companhia e os municípios atendidos. É uma análise bastante complexa, que demanda um tempo. Não há dificuldade para cumprir os requisitos da CVM. O que envolveu a postergação foi questão de mercado. Decidimos estudar melhor o modelo para fazer o processo mais hígido possível, para que preserve os interesses do Estado.
Ainda segundo Casagrande, as impugnações do processo apresentadas à CVM fazem parte do questionamento dos casos de privatização e representam a oposição de setores à medida. A Corsan já respondeu a algumas, que foram arquivadas, e uma não deve sequer ser considerada pela CVM.
No mercado, o pedido de mais prazo para cumprir exigências da CVM é, sim, considerado um novo adiamento da operação da Corsan. A obrigação da coluna é registrar os comunicados das companhias mas também contextualizar e analisar o efeito líquido da movimentação. Foi o que a coluna fez, neste caso, mas democraticamente abre espaço para as manifestações da direção da estatal.
Nesta terça-feira (22), a Corsan também informou seus resultados completos de 2021. Em 12 meses, o lucro da companhia recuou 4,9%, de R$ 519,38 milhões em 2020 para R$ 494,1 milhões no ano passado. Nessa base de comparação, a receita líquida operacional cresceu 9,3%, de 2,84 bilhões para R$ 3,1 bilhões. No quarto trimestre de 2021, o lucro líquido ajustado caiu 11,2%, de R$ 79,3 milhões no quarto trimestre de 2020 para R$ 70,4 milhões.
A íntegra nota enviada à coluna
"A empresa informa que, em conformidade com Fato Relevante divulgado ao mercado em 17/03/22, o que ocorreu foi a confirmação do cronograma de Oferta Pública de Ações com conclusão em Julho deste ano. Ao contrário do que afirma a notícia, não foi manifestada oficialmente "expectativa de realizar a oferta de ações no segundo trimestre". Trata-se da primeira vez que a Cia. e seu acionista controlador manifestam-se formalmente em relação a datas para a oferta pública desde a postergação ocorrida em relação ao cronograma inicial, consoante Fato Relevante divulgado em 25/01/22, não cabendo falar em "novo adiamento". Ainda, o Fato Relevante divulgado não cita dificuldades em relação ao processo junto à CVM, o qual segue o rito padrão junto àquele ente regulador e não apresentou, até o momento, qualquer impugnação que não tenha sido adequadamente respondida pela Cia. e seu acionista controlador e recepcionada pela Comissão. O pedido de prorrogação de prazo citado é parte do processo ordinário para que a Cia. e seu acionista controlador realizem a Oferta nos prazos legais e regulamentares. Qualquer nova informação em relação à Oferta será oportunamente divulgada por meio dos canais oficiais da empresa, uma vez que a Cia. e seu acionista controlador encontram-se no chamado “período de silêncio” estabelecido pelas regras do mercado de capitais brasileiro."
A íntegra da nota ao mercado
A Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan (“Companhia” ou “Corsan”), em atendimento as disposições da Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº 44 de 23 de agosto de 2021 e em consonância com os fatos relevantes divulgados em 9 de dezembro de 2021 e 24 de janeiro de 2022, comunica à sociedade brasileira, aos seus acionistas, aos seus clientes e funcionários e ao mercado em geral que o seu acionista controlador, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, informou que pretende concluir o processo de privatização da Companhia, a ser realizada por meio da oferta pública inicial de ações de emissão da Companhia (“Oferta”), até julho de 2022. O Governo do Estado do Rio Grande do Sul informou, ainda, que não foi e nem será alterado o propósito de condução da Oferta, visando a atender as metas da Lei Federal nº 14.026, de 15 de julho de 2020, universalizando a coleta e o tratamento de esgoto e proporcionando segurança no abastecimento de água da população gaúcha. A efetiva realização da potencial Oferta está sujeita à obtenção das aprovações necessárias, incluindo a concessão do registro da Oferta por parte da CVM e do deferimento da listagem da Companhia por parte da B3, além de condições políticas, macroeconômica e de mercado favoráveis, dentre outros fatores alheios à vontade da Companhia e de seu controlador. A Companhia protocolou, junto à CVM, pedido de prorrogação de prazo de cumprimento de exigências relacionadas ao Pedido de Registro da Oferta de 9 dezembro de 2021. A Companhia manterá os seus acionistas e o mercado em geral informados sobre quaisquer atualizações relevantes e oportunamente divulgará o novo cronograma tentativo da Oferta, nos termos da regulamentação aplicável. Informações adicionais serão divulgadas por meio de comunicado ao mercado ou fato relevante no site da CVM (www.cvm.gov.br) e no site de relações com Investidores da Companhia (https://investidores.corsan.com.br/)
Porto Alegre, 17 de março de 2022