Ainda no sábado, o "day after" do reajustaço da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro fez uma declaração facilmente checável e, infelizmente, totalmente equivocada. Disse que, no Brasil, a gasolina é uma das "mais baratas do mundo", quando a média nos postos encostava em R$ 7 (US$ 1,40).
Nesta segunda-feira (14), a coluna foi checar como anda o Brasil no ranking da Global Petrol Prices, um site especializado muito respeitado no segmento: do ponto de vista presidencial, o Brasil teria a 90ª "gasolina mais barata do mundo" em uma lista de 170 países. Ou seja, está na metade que tem os preços mais altos.
Detalhe importante: com atualização semanal, o site mantinha nesta segunda-feira (14), os preços do dia 7 de março, portanto anteriores ao "reajustaço". Pelo ranking disponível, o preço médio da gasolina no Brasil ainda correspondia a US$ 1,287. Está defasado, portanto.
Assim que o Global Petrol Prices atualizar o ranking, a coluna fará o mesmo com esta nota - e o país deve ficar bem além da posição atual. Apenas para fazer um exercício, com o valor atualizado pela coluna, equivalente a US$ 1,40, o Brasil poderia virar o país com a "109ª gasolina mais barata" do mundo caso os valores dos demais não variem. Como isso é pouco provável, é apenas um projeção hipotética. Até a semana passada, o primeiro país com gasolina acima de US$ 1,4o era a Moldávia, vizinha da Ucrânia, que ocupava portanto o 109º lugar, com preço médio de US$ 1,405.
No topo da lista dos mais baratos, está a combinação "países produtores de petróleo menos desenvolvidos". Depois do mundo irreal da gasolina que vale centavos, os primeiros latino-americanos a aparecer são Bolívia, em 15º, que tem extensas reservas de gás natural; Colômbia, em 21º, Haiti, 23º, e Equador, 25º.
Nos Estados Unidos, onde a alta de preços do petróleo é repassada de forma quase imediata para os postos, paga-se a "72ª gasolina mais barata do mundo", de US$ 1,178 por litro (nos postos, o preço que aparece é o do galão, que tem 3,78541 litros), valor mais baixo do que o do Brasil antes do "reajustaço".
Difícil de acreditar? A coluna também acha. Clique aqui para chegar o ranking. Se há um consolo, é a posição da Noruega, grande produtor de petróleo, que só perde para Hong Kong o título de gasolina mais cara do mundo. Mas só para lembrar, também tem uma das maiores remunerações básicas - para não chamar de "salário mínimo" - do mundo, hoje equivalente a cerca de R$ 5 mil, quase cinco vezes mais do que no Brasil.
Abaixo, confira os cinco países com maior preço , o Brasil e seus "vizinhos de lista", que têm preços semelhantes, e os cinco com valor mais baixo, em US$ por litro
* Colaborou Camila Silva