O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Após a divulgação do resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), o Itaú revisou, nesta quinta-feira (10) as projeções para a inflação em 0,2 pontos percentuais, de 5,3% para 5,5%, aumentando o distanciamento do teto da meta, estipulada pelo Banco Central (BC) em 5% para 2022. A pesquisa macroeconômica da instituição é uma das mais consultadas para a definição de cenários futuros no país.
Assinada pelo economista-chefe, Mario Mesquita, o texto considera que a maior pressão sobre o preço dos alimentos, em razão da revisão no panorama de commodities agrícolas, e serviços deve ser incorporado. Ainda assim, diante de um contexto já marcado pelo ciclo de aperto monetário e os efeitos cumulativos da taxa Selic em território contracionista, o banco acredita o Copom (Comitê de Política Monetária) deve reduzir o ritmo de alta adiante.
A estimativa indica elevação da Selic de um ponto percentual (p.p), na reunião de março, porém com dois movimentos adicionais (de 0,5 p.p. em maio e de 0,25 p.p. em junho), encerrando, assim, o ciclo em 12,50% ─ patamar que deve se manter até o final do ano.
Por outro lado, diz o comunicado, a melhora nos níveis dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste gera expectativas para a mudança de bandeiras tarifárias no final do ano, de vermelha 1, para amarela. Por essa razão, o IPCA previsto para 2023 passou de 3,3% para 3,5%.
Pandemia
Além disso, a instituição financeira considera que o surto relacionado à variante Ômicron deu sinais de estabilização em algumas cidades do Brasil, após significativa alta de casos e pressão moderada nos sistemas hospitalares. No entanto, como o risco do surgimento de novas variantes permanece, o banco afirma que isso reforça a importância da aplicação de doses de reforço e da atualização da vacina para lidar com as mutações do vírus.
Ainda assim, foram mantidas as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 4,4% para 2021, -0,5% em 2022 e +1% em 2023. A justificativa é de que os dados relativos ao final do ano passado foram mais fortes do que a expectativa, mas acreditamos que a relativa estabilidade da atividade econômica se mantém.
Para a taxa de câmbio, apesar da apreciação recente do real, o Itaú reafirma a projeção de em R$ 5,50 por dólar ao final de 2022 e em R$ 5,75 por dólar ao final de 2023. Segundo a pesquisa, mesmo em uma atmosfera de juros mais altos, um movimento mais expressivo de apreciação dependeria da diminuição das incertezas externas e domésticas.