O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
No mesmo compasso em que cresce o interesse dos investidores por ativos com selo ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês), aumentam as dúvidas sobre como as transformações chegarão às empresas. O certo é que grande parte delas, ainda pouco engajadas, precisará de novos profissionais com conhecimento sobre o tema.
No fechamento do ano passado, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou alteração das regras do chamado formulário de referência – um dos documentos obrigatórios para as companhias abertas, que serve para dar aos investidores um panorama geral sobre as empresas.
Significa que, a partir de agora, elas terão de apontar se divulgam suas informações ESG em algum relatório ou documento específico, qual metodologia ou padrão adotam, se essas informações são auditadas e onde podem ser encontradas.
Para o advogado e sócio do Favarim Advogados, que atua com foco nesse segmento, Airton Favarim, ainda que as empresas listadas tenham de implementar ações, o que se vê, na prática, são companhias pouco preparadas.
Ele explica que as empresas de capital aberto (com ações em bolsa) respondem por 40% de todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no planeta. A revelação está em relatório da Generation Investment Management, gestora de recursos, cujo chairman e cofundador é Al Gore, o ex-vice-presidente norte-americano que ganhou o Nobel da paz em 2007 por seu trabalho sobre as mudanças climáticas.
Entre os setores, 16,4% das 110 empresas que divulgaram informações sobre o ano de 2021 pertencem ao setor de energia, 10,9% são do setor financeiro e 9,1% da saúde. Para o especialista, o dado é curioso, uma vez que o setor de energia no Brasil, por exemplo, tem um histórico de transparência, impulsionado pela pressão da legislação. Além disso, comenta, que esse é o segundo segmento com o maior volume de emissões de GEE no país, seguido pelo agronegócio, conforme dados do levantamento do Climate Watch, de 2018:
– Esses são os setores que vão precisar investir em ESG de forma muito mais robusta – alerta o advogado.