Com as empresas cada vez mais pressionadas para reduzir emissões, Porto Alegre será um das cidades brasileiras que vão receber dois especialistas para um seminário internacional sobre riscos e oportunidades em ESG (sigla em inglês para governança corporativa, ambiental e social).
Felipe Gutterres, diretor executivo de grandes corporações e CEO da arara.io, detalha que, em média, as empresas conseguem controlar emissões de 30% dentro de sua operação. Os outros 70% envolvem a cadeia de suprimento.
Por isso, os especialistas Ram Mahidhara e Sudhi Mukherjee, ambos com 40 anos de experiência no IFC, braço privado do Banco Mundial, estarão na capital gaúcha para um seminário internacional no próximo dia 26. O evento marca o pré-lançamento da plataforma de financiamento sustentável da cadeia de suprimentos arara.io.
— As grandes empresas já estão incorporando práticas e processos sustentáveis, mas essa cadeia é composta por muitas pequenas e médias empresas, com menor acesso a recursos. Com o seminário, estamos chamando a atenção dessas empresas, com dois convidados que cuidaram de mercados emergentes no mundo por décadas — afirma Gutterres.
Segundo o empreendedor, o objetivo é discutir as práticas que estão sendo adotadas em mercados emergentes, as dificuldades das empresa em analisar as suas cadeias de suprimentos, e o conceito "risco de contraparte". Ele explica:
— Se o fornecedor não resolve as questões de ESG, a empresa assume um risco sobre o qual não tem avaliação. ESG não é uma sigla de modinha, nem discurso de academia. É uma imposição de mercado, da sociedade civil, dos reguladores, de financiadores e de investidores.
Embora admita que, até agora, há "mais espuma do que profundidade" nesse debate, pondera que não vai arrefecer o forte movimento de reguladores, como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a bolsa de valores e o Banco Central:
— Nossa empresa é uma fintech que entendeu que o financiamento da cadeia pode ser a grande mola propulsora do ESG. É preciso incentivar os fornecedores a evoluir em ESG por meio de financiamento da cadeia de suprimentos. Entender qual é a dificuldade nesse monitoramento é custoso e demorado. Abordar essa questão de forma superficial é algo que a sociedade já não aceita, e embute um risco reputacional ainda maior.
A sede da arara.io é no Rio de Janeiro, mas a empresa fez questão de agendar um evento em Porto Alegre por ver no Estado muitas empresas bastante alinhadas aos princípios do ESG e "outras que têm um caminho a seguir", para reforçar e trazer o olhar do que se pode fazer para ampliar o enquadramento a esses valores. Gutterres afirma que existem fundos de investimento interessados nessas linhas de financiamento.