O mercado de criptomoedas começa a transpor a fronteira da institucionalidade, mas ainda tem um longo caminho a percorrer. Para o Brasil que em poucos meses abraçou o Pix como principal meio de pagamento e passou por um longo período de juros baixos, a moedas virtuais têm apelo forte.
Mas a coluna ainda procura entender, para compartilhar, o surgimento de "moedas piada", como a dogecoin, da qual pode se dizer que nasceu de um cachorro, e a shiba inu, espécie de "filhote rebelde" dessa criptomeme.
A coluna conversou com Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin, maior plataforma de negociação de criptoativos da América Latina, que passou a negociar sete novas moedas , inclusive essas duas "moedas meme". Segundo Milanello, ambas não surgiram para se tornarem funcionais, mas acabaram virando ativos involuntários.
A dogecoin foi criada em dezembro de 2013 por dois programadores, Billy Markus e Jackson Palmer, por brincadeira. Usando como base um código aberto do sistema blockchain, os desenvolvedores tinha a intenção de desenvolver uma moeda diferente do bitcoin. O nome faz alusão a um cachorro chamado Doge, da raça japonesa shiba inu que, no mesmo ano da criação da moeda, inspirava memes nas redes sociais por seu olhar "desconfiado", principalmente em perfis do Japão. Essa popularidade fez o cão virar o símbolo da moeda.
Neste ano, a dogecoin chegou a se valorizar cerca de 14.000%. Um dos motivos foi o fato de o bilionário Elon Musk ter se tornado uma espécie de "padrinho". Há duas semanas, anunciou que a Tesla aceitará a criptomoeda como pagamento. Não de seus cobiçados carros elétricos, mas de produtos de merchandising, como camisetas e chaveiros.
— Com certeza, ajuda muito ter o Elon Musk como uma figura que ajuda na divulgação da moeda. O anúncio feito por ele faz a moeda ter mais valor. As pessoas vão começaram a usar mais, estocar, investir e ver a moeda como possibilidade de ganhar dinheiro — diz Milanello.
Como o nome já sugere, a shiba inu nasceu do mesmo meme da dogecoin, tanto que o símbolo das duas é bem semelhante. Criada em 2020, a shiba nasceu como uma resposta à doge, uma espécie de "filhote rebelde". Nenhuma das duas tem soluções tecnológicas diferentes, oferece solução para um problema real ou tem valor intrínseco - nesse caso, como todas as cripto. Só são negociadas por fãs que acreditam em seu... carisma.
— A shiba se apresenta como 'antidogecoin', apesar de utilizar da mesma figura. Apesar da semelhança na origem, existe grande diferença técnica entre as duas — detalha o especialista.
Atualmente, a shiba inu é 12ª moeda virtual em valor de mercado, duas posições atrás da dogecoin. Foi considerada "a" criptomoeda de 2021. Segundo Milanello, por sua volatilidade, só é uma boa opção para quem tem muito sangue frio e quer aproveitar as oscilações para ganhar dinheiro.
* Colaborou Camila Silva