O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Na sexta-feira, o governo do Estado conclui mais uma etapa da agenda de privatizações - desta vez, com a Sulgás. Junto com os leilões de Corsan e CEEE-D, a estratégia é garantir aportes privados em setores vitais da economia, mas cuja eficiência é considerada comprometida com a gestão pública.
Mais do que isso, o movimento promove um reforço de caixa. Já se fala até em superávit e, neste caso, seria o primeiro ano fiscal da última década em que o RS arrecadaria acima do comprometimento de suas receitas com dívidas.
Não resta dúvida: é uma conquista. Só que resultados assim não chegam sem alguma austeridade, muitas vezes, traduzida por medidas impopulares e polêmicas, como as privatizações.
Mas, uma vez diante do fôlego extra, concretizado, é impossível não pensar em futuras ações, essencialmente, nas de infraestrutura. Até porque é sobre ela que o desenvolvimento caminha, a passos largos, ou não. Depende, sim, é da atratividade da oferta.
Neste cenário, após décadas penosas para as finanças, em 2020, o RS era o penúltimo no ranking de investimentos do Instituto Ipea. Com apenas 1,7% da Receita Corrente Líquida (RCL) disponível, a capacidade estava abaixo de R$ 750 milhões, enquanto Santa Cataria, por exemplo, destinava 5,6% da RCL e atingia R$ 1,3 bilhão em investimentos públicos.
Para 2022, o quadro é outro. Os investimentos públicos gaúchos devem saltar para 4,3% da RCL. Além de nove posições no ranking do Ipea, significa mais participação do poder público na oferta de condições de desenvolvimento em médio e longo prazos.
Não é por acaso, que programas como o Avançar preveem, entre outros aspectos, R$ 1,2 bilhão para modernizar a infraestrutura educacional e obras de R$ 1,3 bilhão em rodovias estaduais. Para se ter uma ideia, o impacto na produção é estimado em R$ 1,7 bilhão, com R$ 687,7 milhões adicionais em Valor Adicionado, R$ 30,2 milhões em ICMS e 6,9 mil empregos. Este é apenas um viés do chamado ciclo virtuoso, cada vez mais, sempre muito bem-vindo por aqui.