Foi preciso que aumentasse a mobilização de entidades empresariais e relacionadas à energia e ao ambiente para que o Ministério de Minas e Energia comunicasse o pedido de novos estudos para avaliar a volta do horário de verão.
Na nota em que comunica o pedido, o órgão já opina que o fuso especial tem "impacto limitado no consumo de eletricidade do país". Mas recomenda que o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) refaça a análise "à luz da atual conjuntura de escassez hídrica".
Como havia dito à coluna Luiz Fernando Barata, diretor-geral do ONS na época em que o horário de verão foi extinto, era "imprescindível" fazer essa avaliação, inclusive porque os estudos são baseados em dados, que mudaram, no mês passado, infelizmente para pior, especialmente na Região Sul.
Por isso, é uma medida muito positiva, especialmente quando o sistema elétrico, como Barata definiu, enfrenta risco de desequilíbrio entre oferta e consumo, o que significa ameaça de desligamentos programados ou até imprevistos. Por menor que seja a economia de energia em um momento como o atual, é importante que seja adotada. Se o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, já pediu em rede nacional para reduzir o uso de ferro elétrico, todo quilowatt poupado conta.
Atualmente, a maioria dos estudos situa a economia de energia com o horário de verão em 1% do consumo. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) estimou, nesta semana, que poderia chegar a 2% ou 3%. A carga do sistema, conforme o boletim diário do ONS, está em torno de 75 mil megawatts médios. Para usar a projeção mais conservadora, de 1% na redução do consumo, o fuso especial aliviaria a necessidade de geração em 750 megawatts médios.
Nesta quinta-feira (16), entrou em operação a segunda maior termelétrica do país, a GNA, no Porto do Açu, Estado do Rio. Tem potência instalada de 1,3 mil megawatts. "Potência instalada" significa o máximo que pode gerar, ou seja, é uma grandeza raramente atingida. Mas apenas para ficar em uma comparação imperfeita, o horário de verão equivaleria a mais de meia usina que levou quase 10 anos para sair do papel.
Outro argumento frequente para não retomar o horário de verão é o deslocamento do horário de pico consumo do período entre 18h e 21h para o intervalo entre início e meio da tarde. No boletim do ONS de terça-feira (14, o mais recente disponível), a demanda máxima na Região Sul ocorreu às 18h49min. Ainda não é verão, quando o calor faz acionar aparelhos de ar condicionado quando as temperaturas são mais altas. Mas ainda há picos no momento mais afetado pelo fuso especial. O estudo do ONS, evidentemente, será muito mais preciso, mas por isso mesmo, é uma das melhores formas de encarar a crise energética de frente.
Quem já apoia a retomada do horário de verão
Entidades de turismo (CNTur e Feturismo)
Entidades que representam bares e restaurantes
Entidades que representam shopping centers
Instituto de Defesa do Consumidor (Idec)
Instituto Clima e Sociedade (ICS)
International Energy Initiative (IEI)
Quem mais aí apoia a volta do horário de verão? A coluna gostaria de ver a lista acima crescer. E-mails para marta.sfredo@zerohora.com.br ou camila.silva@zerohora.com.br.