Há quase exatamente um ano, a coluna se impressionou com as perdas acumuladas pela Braskem em dois trimestres, os primeiros de 2020. O prejuízo de janeiro a julho do ano passado atingiu R$ 6 bilhões.
Agora, a gigante que é dona de quase todo o polo petroquímico do Estado virou o jogo: anunciou nesta quinta-feira (5) lucro de R$ 7,4 bilhões só no segundo trimestre deste ano. Somado ao resultado positivo de R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre, o ganho no semestre chega a R$ 9,8 bilhões.
A Braskem produz resinas plásticas que dão origem a produtos tão diversos como embalagens e peças para carros, passando por utensílios de cozinha e material de construção. Com a explosão de consumo desses materiais na segunda fase da pandemia, a empresa que tem unidades no Brasil e no Exterior alcançou o maior resultado da história às vésperas de ser vendida, ainda não se sabe se em um só bloco ou de forma fatiada, como preferem alguns potenciais interessados.
O aumento de consumo, claro, foi acompanhado de forte alta nos preços. Conforme Roberto Simões, CEO da companhia, os "spreads", ou seja, quanto a empresa embolsa em ganhos com vendas, descontado o custo, tendem a desacelerar, mas seguirão em patamares historicamente altos. A Braskem, explicou, mede esse indicador em pontos. No primeiro trimestre, foi de 150. No segundo, saltou para 190. No terceiro, deve retornar a 150, ainda muito acima dos picos anteriores, ao redor de 130.
No trimestre recorde da Braskem, as vendas caíram 32% em relação ao segundo trimestre de 2020, mas Simões disse que o lucro multibilionário não se deve apenas a ganhos maiores em cada operação. No período de abril a junho do ano passado, ainda havia estoques para atender à procura. Agora, a empresa zerou as reservas e alcançou patamares inéditos de uso da capacidade: nos Estados Unidos, chegou a 98%. No mercado brasileiro, a demanda no segundo trimestre ficou 34% acima de igual período de 2020.
Sobre a venda, Simões reforçou que as decisões são tomadas pela controladora, a Novonor, novo nome da Odebrecht, e que os executivos da Braskem não têm "novidades" sobre a negociação. Mas na segunda pergunta sobre a possibilidade de venda fatiada, o CEO considerou "complexo" o processo nesse modelo.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo