A pandemia foi impiedosa com os hotéis, mas a redescoberta do turismo interno já mudou o cenário e trouxe investimentos de volta. Nos últimos três meses, a Casa Hotéis, dona do Casa da Montanha, Petit Casa da Montanha, Wood, em Gramado, e Parador, em Cambará do Sul, alcançou ocupação média de 75% e abriu espaço para a expansão.
O mês passado, conforme Rafael Peccin, diretor de marketing da empresa, foi o "maior julho da história da serra gaúcha", o que ajudou a embalar os investimentos. Peccin disse à coluna que a empresa não se vê como uma rede, prefere chamar de "coleção", porque cada unidade tem seu estilo.
— São hotéis upscale (de luxo) voltados para clientes que buscam mais do que hospedagem, experiência. Houve uma retomada forte, ampliada pelas restrições a viagens ao Exterior, e o fato de a Serra ser uma região próxima a grandes centros, com infraestrutura excelente e segura, fez com que Gramado se destacasse.
E é na mais famosa cidade serrana que o Casa Hotéis vai investir. O plano mais imediato é construir um hotel no interior de Gramado. Segundo Peccin, hotéis em locais mais retirados, como o Parador, vêm tendo alta demanda desde o início da pandemia:
— Vamos expandir essa coleção na Serra, para depois visar outros lugares. Estamos percebendo valorização do interior, em Gramado o turismo cresce na região das colônias.
O empresário adianta que o modelo de hospedagem é inspirado no Parador, em Cambará do Sul, que foi o primeiro glamping (de camping com glamour) do Brasil e, neste ano, estreou o modelo casulo, que parece minúsculo por fora, mas tem todos os confortos por dentro.
— Não será um glamping, mas envolve o estilo do Parador porque estará imerso na natureza, para um turismo mais contemplativo e com experiência diferenciada. E vai partir para uma linha mais ligada à enogastronomia. O vinho vai ter bastante relevância nesse novo hotel. Também estamos estudando uma unidade desse tipo na região da uva e do vinho, entre Bento e Garibaldi, se possível dentro de uma vinícola. Há anos estamos olhando essa possibilidade, mas o projeto em Gramado vai sair antes. Há muita riqueza na serra gaúcha, com cânions, paisagens e vinícolas, todos acessíveis de forma muito fácil de carro, ou por via terrestre.
Em Cambará, Peccin detalha que, com os sete casulos que deveriam ter sido lançados antes da pandemia, mas foram liberados só em março deste ano, o Parador tem 28 unidades. A demanda já é alta, e com a concessão dos parques Aparados da Serra e Serra Geral, não descarta a hipótese de uma parceria para instalar unidades muito próximas dos cânions.
— Temos grandes expectativas. Há anos esperávamos por esse momento. A única forma de a região crescer é com estrutura turística adequada. O concessionário já nos sinalizou que eles pretendem transformar no melhor parque nacional do Brasil, uma vitrine para os demais. Como existe a previsão de meios de hospedagem dentro do parque, há possibilidade de parceria, afinal estamos há 20 anos na região. Ainda não avançamos, mas independentemente do que ocorrer nos parques, a promessa de pavimentação dos acessos já cria um enorme potencial — diz Peccin.