O famoso mercado de chocolates de Gramado acaba de ganhar mais uma marca. Trata-se da Miróh Chocolate Makers, empresa que nasceu da parceria do casal Ricardo Campos, chocolatier (profissional especializado na história, fabricação e criação de receitas com base em cacau), e Ariane Raudenberg com a família Zieger, de Santa Catarina.
Com investimento inicial de R$ 3,5 milhões, os sócios pretendem abrir as portas do Ateliê Miróh na primeira semana de julho, com pretensão nada modesta: fazer um dos melhores chocolates do Brasil.
Vai funcionar em frente ao Lago Negro, com loja, fábrica e uma "sala de vidro para experiências sensoriais". A coluna ficou curiosa e quis saber do que se trata. Será uma oportunidade de conhecer, aprender e provar cada uma das etapas: cacau cru (coragem!), amêndoa torrada, nibs (amêndoas torradas, fermentadas e trituradas) maturados ou embebidos em algum ingrediente e depois o chocolate nas várias etapas, da massa de cacau até a fase final.
Ainda abrigará confeitaria, adega de cacau climatizada para armazenar as sacas e sala de aula destinada a cursos para chocólatras. Terá tours gratuitos em pequenos grupos, para quem quer ver uma "fantástica fábrica de chocolate". Segundo Campos, os equipamentos vieram da Itália e, além de ter tecnologia de ponta, são bonitos e atrativos.
Embora o ateliê só abra em cerca de 20 dias, desde dezembro passado a marca opera um café na Avenida Borges de Medeiros, em Gramado. Além de cafés especiais da marca Blum’s Kaffee, considerada a melhor torrefação do Brasil em 2020, o cardápio tem doces autorais assinados por Campos. O nome tem história: Campos é formado em Gastronomia na Escola de Turismo, Hotelaria e Gastronomia de Barcelona, onde morou por dois anos. É a terra do pintor e escultor Joan Miró, cujas obras decoram a cidade catalã.
A ideia foi unir uma especialidade de Gramado ao desejo de seguir o processo bean to bar, que significa chocolate feito a partir da amêndoa de cacau, com acompanhamento de qualidade e sustentabilidade em toda a cadeia, em vez de ser produzido com base em outro produto pronto. Para garantir a qualidade, a Miróh trabalhará apenas com fazendas sustentáveis que produzem cacau orgânico e premiado, com boas relações entre empregador e funcionários.
— Existem locais em Gana e Costa do Marfim que pagam U$ 200 (cerca de R$ 1 mil) por ano para famílias que trabalham com cacau. Para nós, não fazer parte desse sistema (que utiliza trabalho análogo à escravidão ou infantil) é uma questão social, de empatia e respeito ao ser humano — afirma Campos.
Por isso, a empresa importa cacau de cinco país: Índia, Filipinas, Madagascar, Nicarágua e Venezuela. Segundo Campos, será a primeira do Estado a trabalhar com matéria-prima de origem e importada, com torra feita na Bélgica, para cumprir as leis brasileiras. Também haverá três fornecedores nacionais, da Bahia e do Espírito Santo. As fazendas têm certificado de Indicação Geográfica e controle de plantio. A marca também terá edições especiais de chocolate feitos com cacau de fermentação e maturação diferentes.
*Colaborou Camila Silva