O ativo gaúcho que tinha preço mínimo de R$ 1 foi arrematado pela CMPC, a indústria de celulose de Guaíba controlada por uma grupo chileno, por R$ 10 mil, sem qualquer outra oferta.
Mas foi em outros dois lotes que o leilão esquentou: foram a viva-voz e a disputa levou a um um inusitado ágio de 5.899.999.900%. O motivo é o mesmo pelo qual o caso do terminal gaúcho havia chamado atenção: preço mínimo de R$ 1.
A disputa pelos terminais 12 e 13 do Porto de Itaqui, no Maranhão, que tinham esse valor simbólico, opôs o Terminal Químico de Aratu (Tequimar) à Santos Brasil. A Tequimar levou o número 13, com esse ágio difícil até de escrever, pagando R$ 59 milhões. A Santos Brasil ficou com o número 12, também com ágio na casa dos bilhões.
Os outros dois terminais que foram ofertados com valores de outorga bem mais alto, de R$ 42,5 milhões e R$ 48,7 milhões, tiveram ágios bem inferiores, de não mais de dois dígitos. Conforme o Programa de Parceria em Investimentos (PPI), esse era um teste. Parece que o modelo com preço mínimo de R$ 1 rendeu mais.
O presidente da CMPC, que foi à bolsa de valores, em São Paulo, acompanhar o leilão, bateu o martelo para o terminal de Pelotas e disse que a concessão por 15 anos representa a "continuidade dos investimentos" da empresa no Brasil. Maurício Harger lembrou que essa operação da empresa no porto tira 100 mil caminhões das estradas a cada ano. A CMPC traz madeira, sua matéria-prima, e envia celulose para exportar por Rio Grande.
À coluna, Harger disse que a CMPC já investiu R$ 26 milhões no porto e que pretende investir mais do que o mínimo de R$ 16,4 milhões exigido no edital no período de concessão, de 15 anos. À pergunta sobre se o ágio bilionário, configurado antes da oferta de Pelotas, chegou a inspirar temor de disputa semelhante, o executivo respondeu:
— Estávamos confiantes na operação, que é muito bem aceita pela sociedade, pelo governo, porque é sustentável. Como o ministro mencionou, a inclusão do porto de Pelotas nesse leilão é um símbolo das oportunidades não capturadas do Brasil. Podemos fazer com mais sustentabilidade, mais produtividade, mais logística.
A coluna quis saber qual foi a sensação de bater o martelo, e Harger respondeu:
— É entusiasmante, a gente pensa o quanto o país ainda tem oportunidades que ajudam a criar empregos e tornar o mundo mais sustentável.
Veja os resultados do leilão no detalhe
Pelotas: CMPC, outorga de R$ 10 mil, ágio de 999.900%
Itaqui03: Santos Brasil, outorga de R$ 61,3 milhões, ágio de 44,24%
Itaqui11: Santos Brasil, de outorga de R$ 56 milhões, ágio de 15,04%
Itaqui12: Santos Brasil, outorga de R$ 40 milhões, ágio de 3.999.999.900%
Itaqui13: Terminal Químico de Aratu, outorga de R$ 59 milhões, ágio de 5.899.999.900%