Dados o retrospecto do Ministério da Saúde e a relação tensa entre o governo Bolsonaro e a representação do laboratório Pfizer no Brasil, foi cercado de desconfiança o anúncio de que haverá compra de doses desenvolvidas pela empresa americana com a alemã BioNTech.
Para esclarecer, a coluna fez contato com a Pfizer, que confirmou "negociações" com o governo federal e acrescentou: "em breve, o Ministério da Saúde deve divulgar um comunicado sobre o assunto".
Cautelosa, a empresa só fez questão de avisar que "não está comentando sobre o teor desses contatos que estão sendo realizados". Foi a aprovação, pelo Congresso, do projeto de lei que autoriza Estados e empresas a comprar vacina, que permitiu destravar esse contato. Entre os itens do texto, está o que autoriza todos os entes da federação, incluindo a União, a assumir a responsabilidade civil por possíveis eventos adversos pós-vacinação em contratos com fabricantes de imunizantes contra o vírus.
A autorização explícita está condicionada à aprovação para uso emergencial ou aprovação definitiva pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Pfizer é a única fórmula que tem registro definitivo de sua vacina contra a covid-19 pela Anvisa. Tem restrições logísticas, porque precisa ser resfriada a temperaturas muito baixas.
Na semana passada, porém, a agência reguladora da saúde americana, a respeitada FDA, flexibilizou a exigência de conservação entre -60ºC e -80ºC, que exige um equipamento raro e caro chamado ultrafreezer, para -20ºC, que é atingida por congeladores farmacêuticos. Ainda são raros e caros, mas mais acessíveis do que os ultrafreezers. É mais um sopro de esperança para um Brasil cansado de pandemia e descaso.