No balanço de 2020 apresentado nesta quarta-feira (10) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banrisul apontou lucro ajustado de R$ 824,8 milhões, 35,3% abaixo do resultado líquido obtido no ano anterior, de R$ 1,15 bilhão.
Conforme o presidente da instituição, Claudio Coutinho, a principal causa individual foi a provisão para perdas de crédito, que aumentou R$ 350 milhões em relação à do ano anterior.
Também contribuíram para a redução, disse Coutinho à coluna, o aumento de cinco pontos percentuais da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos, a limitação do juro no cheque especial e a queda no juro básico, que remunera os depósitos do próprio sistema financeiro. Apesar da queda drástica, o presidente do Banrisul diz estar "otimista", especialmente com os resultados do último trimestre, quando o lucro, excluídos os efeitos não recorrentes, alcançou R$ 330 milhões, ante resultados por volta de R$ 120 milhões no segundo e no terceiro trimestre:
— Estou otimista com o passado recente. O último trimestre foi muito bom. Quase voltamos aos retornos de antes da pandemia. Se tirar efeitos não recorrentes, o resultado foi quase o triplo dos dois anteriores.
O maior efeito não recorrente do período entre outubro e dezembro foi o Plano de Desligamento Voluntário (PDV) do Banrisul. Saíram do banco 903 funcionários a um custo de R$ 177 milhões. Segundo Coutinho, com exceção de cerca de 70 empregados do setor de tecnologia da informação, que vão se desligar até 2022, todos os demais processos foram concluídos. A estimativa do banco é de que o PDV vai permitir redução anual de despesas de R$ 160 milhões.
A inadimplência, grande fantasma que pairou sobre os bancos em 2020, está "baixíssima", diz Coutinho: só 2,31% dos empréstimos estão com atrasos superiores a 90 dias. O executivo atribui esse comportamento à "política conservadora de crédito" do Banrisul. O índice de cobertura para atrasos acima de 90 dias, disse, aumentou 317% em relação ao de 2019. Outro indicador que aponta para o "quase normal", exemplifica, é o retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês). O ajustado do quarto trimestre alcançou 15,8%, não muito longe do obtido em 2019, de 16,9%. Na média do ano, o indicador ajustado ficou em 10,2%.
— Em grande parte, a carteira de crédito cresceu no último trimestre. Nossa linha de sustentabilidade, que só financia energia limpa, cresceu 200% em 12 meses, de R$ 57 milhões para R$ 174 milhões. É basicamente para placas fotovoltaicas. Estamos incentivando a expansão da geração solar distribuída no Estado, para produtores rurais, pequenos comerciantes, pequenas indústrias — detalhou Coutinho.
A carteira de crédito rural também cresceu 27,5% em 12 meses, e deve crescer mais em 2021, porque o Banrisul retomou o guidance (projeção de indicadores para o próximo período).
O patrimônio líquido do Banrisul chegou a R$ 8,3 bilhões em dezembro de 2020, aumento de R$ 551,9 milhões ou 7,1% em 12 meses. Os ativos totais apresentaram saldo de R$ 91,8 bilhões em dezembro de 2020, crescimento de 12,6% em relação ao registrado no final de 2019, principalmente pelo aumento na captação de depósitos. Os recursos captados e administrados ficaram em R$ 80,5 bilhões em dezembro de 2020, incremento de R$ 8,4 bilhões ou 11,7% em relação ao mesmo mês de 2019.
