Na pandemia, muitos negócios foram prejudicados, outros foram beneficiados pelo "efeito casa", desde a venda de imóveis, passando pelos móveis e até a de livros.
Fundado em 2014, o clube de leitura Tag Experiências Literárias virou o ano com cerca de 70 mil assinantes ativos, uma disparada de 10 mil só entre meados de dezembro e o final de janeiro. E fechou 2020 com crescimento de 23% na base de assinantes, faturando
R$ 41 milhões.
— Acho que está começando a dar certo — brinca Arthur Dambros, vice-presidente da empresa.
O empreendedor confirma que o crescimento está relacionado com a quarentena, durante a qual o e-commerce cresceu muito na pandemia. O negócio da Tag
é vender livros com edições especiais em forma de assinatura mensal.
– O mérito da Tag foi estar bem posicionada para atender a esse aumento de demanda. Assim, não tivemos de passar pelo que muitas empresas tiveram de enfrentar, a dor da transformação a curto prazo. O mercado do livro passou e está passando por muitas dificuldades, então não há tantas opções para os consumidores de livro – afirma Dambros.
Para ganhar agilidade, relatou à coluna, a Tag levou seu centro de distribuição de Porto Alegre para São Paulo. O principal motivo, detalha, foi mesmo a posição geográfica. A maior parte dos fornecedores está no — editoras, gráficas, fornecedores de materiais gráficos —, assim como a maioria dos clientes:
— O material vinha para o Sul, era montado e distribuído ao país do lugar mais ao Sul. Quando temos problemas em lotes de livros da editora, vem e volta para refazer a impressão. Para prestar um serviço melhor, precisávamos levar o CD para lá. Não é mais barato, porque aqui aluguel e mão de obras têm custo menor, mas diminuem o prazo e o custo de frete, ficamos mais eficientes de modo geral.
A administração segue na capital gaúcha, ao menos formalmente.
— Embora ninguém mais vá lá — observa Drambros, referindo-se ao trabalho em home office.
Outro ensinamento da pandemia, diz o vice-presidente da Tag, foi a flexibilização na contratação. Antes, era exigida dos candidatos a disponibilidade de morar em Porto Alegre. Com toda a equipe trabalhando bem de casa, a ideia é permitir que alguém que viva em Minas Gerais, por exemplo, possa se juntar ao time sem ter de mudar de cidade.
A covid-19 também impôs mudanças de planos, admite o empreendedor. Estava previsto para 2020 o projeto-piloto de abrir uma livraria física, de rua. Segundo Dambros, seria o "jeito Tag" de fazer livraria, com saraus e encontros. O projeto de internacionalização, que estava "sério e avançado" também ficou travado. E justificou:
– Como é megarriscado e consome dinheiro grande até fazer dar certo, preferimos segurar esse investimento também e investir mais no e-commerce. Estamos apostando em edições exclusivas e produtos especiais para a nossa base de assinantes, e queremos crescer mais nessa área.