O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Incertezas sobre a pandemia de coronavírus, fim do auxílio emergencial e possibilidade de nova estiagem. Os três ingredientes representam os principais riscos para a retomada da economia gaúcha na largada de 2021. Em outras palavras, ameaçam o avanço mais consistente dos negócios no início deste ano.
O diagnóstico aparece no Boletim de Conjuntura publicado nesta quarta-feira (13) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE). O órgão é vinculado à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão.
— No começo deste ano, ainda há o problema da pandemia. Em relação ao auxílio emergencial, embora o Rio Grande do Sul tenha sido um dos Estados menos impactados, houve efeito positivo do benefício. A retirada deve influenciar o consumo de maneira negativa. Sobre a estiagem, ainda não temos uma ideia clara. Só vamos ter essa noção nos próximos meses — frisa o pesquisador do DEE Martinho Lazzari, um dos responsáveis pelo boletim.
Na visão do economista, a melhora no cenário passa, inicialmente, pelo cronograma de vacinação contra a covid-19. É o começo da imunização que pode reduzir os índices de contágio e despejar maior otimismo nos negócios.
Lazzari lembra que a reação econômica no Estado começou no terceiro trimestre de 2020. Como a base de comparação estava enfraquecida pela pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) saltou 12,9% à época. Logo, com a normalização de atividades, é natural que a alta fique menor em termos percentuais nos meses seguintes – o resultado do quarto trimestre ainda não foi conhecido.
Em meio a esse cenário, o mercado de trabalho tende a apresentar mais dificuldades de reação. É que, após demissões em massa durante a pandemia, espera-se que o número de pessoas em busca de recolocação aumente nos próximos meses, sinaliza Lazzari. A absorção dessa parcela dependerá do nível de retomada da economia como um todo.