O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Após a chegada do coronavírus provocar destruição de empregos, o Rio Grande do Sul engata tentativa de reação no mercado de trabalho formal. Até novembro, o Estado recuperou 59,2% das vagas com carteira assinada perdidas no começo da pandemia.
A reabertura da economia e os programas do governo federal para proteção de empregos e estímulo aos negócios ajudam a explicar a retomada parcial. Para chegar ao percentual recuperado, a coluna consultou dados do Caged, o cadastro de postos formais do Ministério da Economia. As estatísticas são referentes ao saldo de vagas, que mede a diferença entre contratações e demissões.
Entre março e junho, os gaúchos amargaram quatro meses seguidos com mais cortes do que admissões. No período, quase 136,3 mil postos foram perdidos. O número supera a população de Santa Cruz do Sul (131,4 mil habitantes), no Vale do Rio Pardo.
A melhora começou em julho. Do sétimo mês do ano até novembro, o saldo ficou positivo em 80,6 mil contratos.
A marca é semelhante à população de Sapiranga (80 mil), no Vale do Sinos. Ou seja, é a quantia gerada nos últimos cinco meses que corresponde a 59,2% dos empregos destruídos no início da pandemia.
Um olhar sobre os setores da economia gaúcha mostra que a construção é aquele com situação mais confortável no mercado de trabalho. De março a junho, o segmento perdeu 5,8 mil vagas. Na sequência, criou número superior entre julho e novembro: 6,6 mil.
Depois da construção, aparece o comércio. Beneficiado pelas festas de final de ano, o setor recuperou 78% dos empregos. Em seguida, vem a indústria (71,3%), seguida por serviços (31,4%) e agropecuária (26,9%).
Economistas frisam que novos capítulos da retomada dependem da trégua na pandemia. Na prática, é a vacina contra a covid-19 que pode ditar boa parte do rumo da recuperação em 2021. Contudo, não há clareza, até o momento, sobre o cronograma de imunização no Brasil.
Considerado motor da economia, o setor de serviços precisa da melhora sanitária para conseguir operar com menos restrições. E, consequentemente, ter desempenho mais robusto no mercado de trabalho.