O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O Brasil caminha para fechar nova década perdida em termos de Produto Interno Bruto (PIB) per capita, um termômetro do padrão de vida da sociedade. Recuperá-lo é um dos tantos desafios que surgem no radar econômico a partir de 2021. A primeira etapa da retomada depende do controle da pandemia de coronavírus.
Na prática, o PIB per capita representa a divisão do PIB pela população do país. Imagine um bolo: é como se toda a riqueza produzida com bens e serviços fosse dividida em fatias entre os brasileiros.
Conforme estudo do FGV Ibre, o indicador deve fechar o período de 2011 a 2020 com baixa de 0,6%, em média, ao ano. Se confirmada, a variação será idêntica à registrada entre 1981 e 1990, a pior de uma série de 120 anos. Esse intervalo entrou para a história como a década perdida, devido ao fraco desempenho econômico.
Pesquisador do FGV Ibre, Marcel Balassiano lembra que o PIB per capita já vinha em dificuldades antes de 2020. A chegada da covid-19 serviu para piorar a situação. Na visão do economista, uma combinação de três fatores explica a baixa de 0,6%:
— Houve forte recessão em 2015 e 2016. Depois, uma recuperação lenta da economia. O coronavírus veio para agravar a situação.
Balassiano frisa que a retomada depende, inicialmente, da vacinação contra a covid-19. Contudo, ainda não há clareza sobre a velocidade do processo de imunização em 2021.
— O principal desafio econômico do próximo ano não é uma variável econômica. É a vacinação. Isso vale para Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre ou Londres. O crescimento depende da vacina — frisa.
No caso do PIB, conhecido como a soma dos serviços e bens produzidos, o cenário de 2011 a 2020 também preocupa. Segundo a projeção do FGV Ibre, o indicador deve apresentar nova década perdida, com leve avanço de 0,2%, em média, ao ano.
A variação será a mais baixa em pelo menos 120 anos. A título de comparação, entre 1981 e 1990, o PIB cresceu, em média, 1,6% ao ano.