Sim, Porto Alegre poderá receber um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, mas isso terá um preço: a franquia custa R$ 30 milhões por ano – a expectativa é de realizar quatro edições. Além disso, será preciso entregar a infraestrutura de uma área de 22 mil metros quadrados.
A partir de 2022, o Web Summit pretende fazer encontros latino-americanos no Brasil, entre junho e julho, e deve escolher, nas próximas semanas, entre Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Conforme o secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, Claudio Gastal, o Piratini está disposto a investir na viabilização do Web Summit, mas busca que "o custo do Estado seja o menor possível".
– Vamos ter de investir na infraestrutura e na própria parceria com o evento, mas estamos fazendo uma equação buscando parceiros privados e institucionais, inclusive o governo federal, porque afinal é um evento do Brasil, não só de Porto Alegre. Estamos estudando a equação financeira que vamos a montar a partir da confirmação. Já temos sinalização de várias empresas interessadas, porque isso agita e mobiliza o sistema de inovação – afirma Gastal.
A coluna quis saber que o governo do Estado está disposto a usar recursos públicos para bancar o evento, e o secretário confirmou:
– Não descartamos a possibilidade de o governo do Estado colocar recursos. Estamos estudando a criação de um fundo de inovação a partir das privatizações.
Conforme o secretário, a avaliação do custo/benefício da realização do evento é de que o Web Summit dá retorno. Cita que em 2019, o evento em Lisboa recebeu 70 mil pessoas, movimentando negócios no segmento e também hotelaria, alimentação, cultura, lazer.
– Isso nos faz ter certeza de que se paga – diz Gastal.
Sobre a infraestrutura, diz que já está em contato com as empresas Opus e DC Set, encarregadas da reforma do Gigantinho, o ginásio de esportes do estádio Beira-Rio, para analisar um possível aproveitamento do espaço. Gastal relata que passou o passou o domingo em contato com a organização do Web Summit, que pediu mais informações sobre Porto Alegre.
– Estamos em uma corrida de obstáculos. O primeiro foi entrar na lista de cidades. Depois, não sair dessa lista, porque Porto Alegre foi a única candidata que eles não puderam visitar presencialmente, por causa da pandemia. A ideia era que eles fossem ver um Gre-Nal, para mostrar o fluxo de logística. Conseguimos chegar à final. Agora, resta o obstáculo de financiar o evento.
Gastal admite que o Rio é um adversário forte, por ser sinônimo de Brasil no Exterior e por ter infraestrutura pronta, resultado do investimento na Olimpíada. Mas pondera que os organizadores têm muito foco na articulação entre governos, inciativa privada e sociedade, e nenhuma candidata no Brasil tem mais a mostrar do que Porto Alegre. O prefeito eleito, Sebastião Melo, já afirmou à coluna que vai procurar o governador Eduardo Leite para reforçar a atração do evento que, segundo ele, "pode mudar a história de Porto Alegre, como fez com Lisboa".
O que é o Web Summit
Criado em 2009 pelos executivos Paddy Cosgrave, David Kelly e Daire Hickey, o Web Summit é um dos maiores eventos de empreendedorismo, inovação e tecnologia do mundo. A conferência surgiu em Dublin, na Irlanda, terra natal de Cosgrave. Em 2016, passou a ser realizado em Lisboa, Portugal. No ano passado, atraiu 70,5 mil visitantes de 163 países, um recorde. O Brasil foi um dos países com mais participantes. Mais de 1,6 mil startups e 1,5 mil investidores costumam participar, assim como personalidades como Stephen Hawking e Elon Musk.