Na reta final da eleição para a prefeitura de Porto Alegre, a possibilidade de que a cidade receba o Web Summit agitou o ecossistema de inovação. Também chamou atenção para o fato de o assunto quase não ter sido abordado durante a campanha. Para compensar, a coluna perguntou aos candidatos Manuela D’Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) como pretendem tratar esse segmento caso sejam eleitos. Confira as respostas abaixo.
Qual será o papel do apoio à inovação em seu mandato?
Manuela – Vamos oferecer uma rede de suporte tecnológico. Na saúde, migrar sistemas para efetivação do teleagendamento e prontuário eletrônico; na educação, tablet para os alunos da rede municipal; na segurança, fortalecimento do cercamento eletrônico e o CEIC, para a ronda escolar Oferecer capacitação para microcrédito. Tudo isto acompanhado da ampliação da rede wifi aberta, com Procempa fortalecida.
Melo – A cidade tem hoje um belo ecossistema, com empreendedores privados e parceria crescente com o setor público. Nosso desafio é fazer com a inovação seja muito mais do que uma palavra de moda e faça, de verdade, diferença na vida das pessoas. No atendimento de saúde, no empreendedorismo nas comunidades, na melhoria da segurança pública. A inovação será reconhecida quando os seus efeitos começarem a fazer diferença também na vida dos cidadãos mais simples.
Que ferramentas pretende usar para incentivar a inovação?
Manuela – Com o Programa Porto Alegre Cidade Inteligente, usando tecnologia para dar mais transparência na tomada de decisões, construindo um processo coletivo digital. Também vamos retomar o Fundo da Inovação (FIT) com editais para startups. Formatemos, ainda, uma rede de capacitação e extensão empresarial para levar tecnologias, inovação, ferramentas e estratégias aos pequenos empreendimentos da periferia.
Melo – Há um caminho já percorrido pela atual gestão que não pode ser perdido. Vamos seguir com hackatons para encontrarmos solução de problemas, incentivar que a cultura da inovação esteja na gestão pública. Vamos consolidar a aceleração de startups e garantir a manutenção dessas empresas na cidade. Uma discussão possível é garantir um ISS mais competitivo para empresas de base tecnológica.
Pretende manter o Pacto Alegre, com as três maiores universidades do Estado?
Manuela – Sim, o ponto inicial para um novo governo deve ser a retomada do diálogo amplo com todos setores. O Pacto reúne nosso polo de conhecimento e tecnológico. Esta memória e acúmulo são fundamentais para Porto Alegre mudar.
Melo – Mais do que apoiar os projetos, vamos aprofundar o diálogo com mais segmentos da sociedade. O Pacto nos mostrou o quanto é possível o conhecimento acadêmico conectado aos anseios dos cidadãos gerarem propostas transformadoras que merecem também o respaldo do poder público.
O que a prefeitura pode fazer para ajudar a atrair o Web Summit a Porto Alegre?
Manuela – Força tarefa com a sociedade civil, Pacto Alegre, Estado, empresas e o trade de turismo. Temos que realizar parcerias e priorizar o calendário turístico na cidade, para consolidar Porto Alegre como capital de eventos do Mercosul. Já fomos a cidade do Fórum Social e queremos resgatar o evento, para marcar nossa posição como cidade sede da inovação. Temos robusta rede hoteleira, novo aeroporto e posição central.
Melo – Pretendo procurar o governador Eduardo Leite para uma articulação conjunta de um evento que pode mudar a história de Porto Alegre, como fez com Lisboa. Um dos desafios é reduzir a alíquota de ISS para o setor de eventos. Durante a pandemia o Rio de Janeiro reduziu a sua para 2% por três anos. A nossa segue em 5%. Muita gente ganha com uma cidade com mais eventos.