Nascida no Brasil, mas com DNA norte-americano, a marca de roupas esportivas femininas Authen "descobriu" o Rio Grande do Sul. Segundo o CEO da marca, Christopher Spikes, o Estado lidera o crescimento de vendas no país e, por isso, foi alvo de maior atenção durante a pandemia.
— Nos primeiros anos, o Rio Grande do Sul representou 50% do total de faturamento. Hoje, o desempenho é até melhor do que esperávamos. Durante a pandemia, focamos desproporcionalmente nossos recursos no Estado por estarmos consolidados aqui.
Entre janeiro e outubro deste ano, a Authen vendeu para lojistas gaúchos 25,7% a mais do que em 2019. O e-commerce da marca teve aumento de 143,6% nesse período. Desde 2018, somando vendas no atacado (para lojas) e no e-commerce, a Authen tem crescido em média 250% ao ano no Estado. Conforme Spikes, a gestão da marca no Estado é modelo na empresa. O empresário aponta, entre os motivos, a qualidade dos representantes locais e a adaptação do design ao gosto dos gaúchos:
— Em geral, as mulheres brasileiras preferem as marcas de fashion fitness com mais estampas. Nossa marca é mais clássica e conversa muito bem com o público da zona sul do Rio de Janeiro, com as mulheres que frequentam o Parque Ibirapuera, em São Paulo. No Rio Grande do Sul, relaciona-se bem com o Estado inteiro.
A Authen tem uma história incomum: em 2010, o americano visitou o país em uma viagem de negócios e se apaixonou pelo Rio de Janeiro. Em 2012, decidiu se mudar de vez para a Brasil. O empresário trabalhou com diretor-geral do site de compras coletivas Groupon. Durante este período, Spikes, que é esportista, notou o aumento na adesão dos brasileiros às corridas de rua e ao crossfit. Também percebeu a falta de uma marca brasileira feminina de activewear, segmento de roupas e acessórios focada em desempenho esportivo.
Essa lacuna motivou o engenheiro mecânico a trocar de carreira e apostar na criação de bermudas, regatas, shorts e outras peças voltadas à prática de esportes. No mercado desde 2015, a marca vende para cerca de 400 lojas multimarcas. Além disso, opera com outros dois canais de vendas: e-commerce e lojas temporárias em eventos esportivos. Por focar em roupas para corridas de rua, não foi muito afetada com o fechamento das academias:
— A corrida de rua já vinha ganhando espaço antes da pandemia. A quarentena acelerou esse processo, porque as pessoas, impossibilitadas de frequentar academias, optaram por exercícios ao ar livre. Essa mudança foi favorável para a marca.
E um pouquinho de bastidor: a coluna havia recebido Spikes na redação em março, dias antes que as restrições impostas pelo coronavírus mudasse radicalmente a pauta. Na semana passada, o contato foi retomado para ver o que havia ocorrido com a marca durante a pandemia. Como muitas empresas, a Authen sobreviveu bem à crise.