Quem teve de voltar do feriadão no Litoral Norte enfrentando congestionamento na freeway nem imagina que poderia ter sido pior, se uma parcela da população não tivesse se mudado para a região.
A coluna foi checar qual foi o impacto nos negócios da migração de gaúchos para a praia. Segundo Alfredo Pessi, vice-presidente do Sinduscon-RS e coordenador regional do Litoral Norte na entidade, a venda de casas se multiplicou por 10 nos últimos meses. Isso fez a população permanente saltar dos habituais 400 mil para 600 mil nos 23 municípios da região.
Conforme Pessi, o fenômeno resulta de uma combinação de motivos: da busca de qualidade de vida à queda dos juros, o que incentiva a aquisição para uso e para investimento, até a percepção de finitude acentuada pela pandemia.
– Surgiu a necessidade de aproveitar o hoje, não deixar para amanhã. Como hoje se pode atuar em home office, dá para trabalhar e viver no litoral. Quem quiser pode dar uma caminhada na praia ou tomar um banho de mar antes de começar as tarefas – observa.
Conforme Pessi, a procura se concentrou em casas mobiliadas, a ponto de quase esgotar a disponibilidade. A venda de apartamentos também aumentou, mas em proporção menor: está "só" umas oito vezes maior. Embora atue em construção em Capão da Canoa, o empresário relata que imobiliárias da região estou alugando esses tipo de imóvel por diárias de até R$ 8 mil.
– As pessoas que iam para Punta (del Este, no Uruguai). não vão mais e pagam R$ 200 mil, ou R$ 300 mil para ficar quatro meses na praia. Querem ficar em segurança, esperar a vacina. Essas casas costumam ter piscina, pátio, quatro quartos em cima, gabinete embaixo, internet boa – detalha.
Sobre preços, Pessi afirma que, até agora, não houve aumento quando o negócio fechado é uma venda. Admite elevação do valor dos aluguéis e algum repasse, daqui para a frente, nas vendas futuras, por conta da alta dos materiais de construção, especialmente os feitos com aço.