O anúncio do resultado do setor de serviços, na sexta-feira (11), foi um banho de água fria nas expectativas de recuperação em V da economia brasileira.
O aumento discreto de 2,6% em julho (dado mais recente disponível) ficou bem abaixo das altas registradas no mesmo mês para indústria, que avançou 8%, e comércio, que subiu 5,2% no varejo restrito e 7,2% no ampliado, que inclui veículos e materiais de construção.
O que havia entusiasmado os adeptos da recuperação em V foi o resultado do varejo restrito, que levou o segmento de volta aos níveis anteriores ao impacto do coronavírus. Conforme o IBGE, o resultado de julho deixou o patamar em pontos 5,3% acima do registrado em fevereiro, último mês de relativa normalidade.
Mas como projeta a maioria dos economistas, a exemplo de Gustavo Arruda, economista-chefe do BNP Paribas, a retomada não será uniforme. Considerados os segmentos de materiais de construção e veículos, incluído no conceito de varejo ampliado, apesar da alta mais forte, de 7,2% em julho sobre o mês anterior, ainda faltam 2% para voltar ao nível pré-pandemia.
O mesmo ocorre na indústria, que apesar da alta forte, de 7,5% em julho, ainda ficou abaixo do nível de fevereiro. Precisaria avançar mais 6% para alcançar o patamar anterior à crise. Há grandes diferenças entre os segmentos. Os que estão mais atrás são os de bens de consumo durável (eletrodomésticos, móveis), que ainda estão 15,8% abaixo de fevereiro, e o de bens de capital (máquinas, equipamentos), que ainda precisa de avanço de 15,2% para voltar ao nível pré-pandemia.
Mas o setor que ainda está mais distantes dos níveis pré-pandemia é o de serviços. Apesar do aumento médio de 2,6% em julho, ainda há segmentos que voltaram a enfrentar queda, como o de serviços prestados às famílias (hotéis, restaurantes, cabeleireiros), que perdeu 3,9%. Responsável por cerca de 70% do PIB e da geração de empregos, o setor de serviço é o que registra desempenhos mais irregulares. Na média, ainda faltam 13,5% para voltar o nível pré-pandemia. No caso específico dos prestados às famílias, o caminho até lá é ainda muito longo: falta recuperar 57% das perdas.
Setor Quanto falta para o pré-pandemia
Indústria 6%
Varejo restrito Já voltou
Varejo ampliado 2%
Serviços 13,5%