O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
País com maior número de mortos por coronavírus, os Estados Unidos surpreenderam o mundo com a criação de 2,5 milhões de vagas de trabalho em maio. Assim, a taxa de desemprego caiu de 14,7% para 13,3% no mês passado, enquanto projeções sinalizavam que o indicador poderia alcançar 20%.
Especialistas atribuem o resultado ao robusto plano de injeção de dinheiro na economia americana. O governo do presidente Donald Trump, que chegou a minimizar o impacto da covid-19, costurou com o Congresso um pacote superior a US$ 2 trilhões em medidas de estímulo a empresas e consumidores. Parte dos recursos foi direcionada para empréstimos a pequenos e médios negócios. É esse ponto que traz uma grande diferença em relação ao Brasil, conforme especialistas.
Por aqui, o governo Jair Bolsonaro também desenhou ações de financiamento para empresas, mas uma queixa recorrente é de que os recursos não chegam até a ponta. Principalmente aos pequenos negócios. Sem fôlego no caixa, muitos são forçados a demitir.
Em abril, o Brasil perdeu 860,5 mil empregos com carteira assinada. O número é superior às populações, somadas, de Caxias do Sul e Canoas (857,5 mil habitantes).
O mercado de trabalho americano também é, historicamente, mais flexível do que o de países como o Brasil. Ou seja, o processo de contratações e demissões tende a ser mais rápido e barato do que aqui.
Em maio, os Estados Unidos, epicentro de protestos contra o racismo, viveram etapa inicial de reabertura da economia. Mesmo assim, têm pela frente um cenário repleto de incertezas. Não há clareza sobre o comportamento da pandemia nos próximos meses, nem sobre os impactos na economia. Nesse sentido, há uma semelhança com o Brasil.