Se ainda havia dúvida, o tremor nos mercados desta segunda-feira (9) mostrou que o mundo está diante de uma onda de turbulência sem prazo para terminar. Se até agora já era recomendável que o Planalto agisse com mais serenidade, agora esse fator se torna crucial. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem muitos tremores como o atual no currículo, adotou o tom adequado ao dizer que "é o hora de termos uma atitude construtiva", em que "os três poderes, com serenidade, façam a sua parte". A coluna destacou a palavra "serenidade" porque, até agora, esse foi um ingrediente com severa escassez em Brasília.
Mas Guedes não tem o direito de estar "tranquilo". Como o petróleo é uma riqueza importante para o Brasil, o país será impactado pela queda na cotação do barril, que mergulhou 23,8% só nesta segunda-feira, para US$ 34,48. As ações da Petrobras, maior estatal brasileira, desabaram quase 30% (29,7% nas preferenciais, 29,68% nas ordinárias). Desde o Carnaval, só as empresas incluídas no Ibovespa perderam R$ 864 bilhões em valor de mercado. Nem tudo isso vai se transformar em prejuízo real, mas não há como restringir totalmente esse efeito ao mercado financeiro.
Guedes prometeu que vai mandar, na próxima semana, as reformas tributária e administrativa ao Congresso. Nunca foram tão necessárias quanto agora, quando o Brasil enfrenta fuga de dólares. Mas a serenidade precisa vir acompanhada desta e de outras medidas que ajudem a suavizar o impacto na economia real. Quando o mercado financeiro treme, não demora para sacudir a economia real.