Por meio de seu braço social, o Instituto Lojas Renner, a Lojas Renner decidiu doar R$ 4,1 milhões para que hospitais possam adquirir suprimentos básicos no tratamento da doença causada pelo coronavírus, a covid-19. Serão beneficiados seis hospitais responsáveis por unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) considerados referências onde atuam: Conceição e Clínicas, de Porto Alegre, São José, de Criciúma, e São Donato, de Içara, ambos em Santa Catarina, InCor e Hospital das Clínicas de São Paulo. Em entrevista à coluna, Fábio Faccio, diretor presidente da rede que tem cerca de 600 lojas no Brasil, detalhou a doação e como a Renner vem enfrentando o impacto do coronavírus.
A Renner recebeu pedidos de doação?
Desde a semana passada, a companhia montou um comitê de crise, em que definimos como prioridade a proteção das pessoas e dos empregos. Decidimos fechar 100% das nossas lojas físicas, porque, se era a melhor atitude a ser tomada, o melhor era fechar o quanto antes. Fomos uma das primeiras empresas de varejo a fazer isso, na sequência vieram várias outras. A gente também começou a pensar no que mais poderia fazer para ajudar, apesar de perda de receita significativa que vamos ter, como varejo de compra discricionária. Já no início desta semana, entramos contato com hospitais, que elencamos por serem as instituições de referência no Rio Grande do Sul.
Como será efetivada a doação?
Cada hospital sinalizou qual era a necessidade. Os hospitais de Porto Alegre, Conceição e Clínicas, preferiram que nós fizéssemos a compra diretamente e entregasse a eles, principalmente máscaras e aventais. No caso do Incor, de São Paulo, preferiu fazer as compras, então fizemos doação em dinheiro.
E vocês estão conseguindo comprar, já que os relatos são de que há escassez global desses materiais?
Sim, inclusive vamos conseguir fazer mais com os recursos, porque acionamos nossa rede de parceiros, e estamos conseguindo baixar custos. Desenvolvemos um protótipo para produzir máscaras e aventais, que devem ser aprovados ainda hoje e já estamos importando parte do material. Estamos trabalhando em fases, conforme as necessidades vão mudando, ao lado dos hospitais de modo virtual e acionando mais parceiros para tentar ajudar.
Você mencionou que a Renner terá perda significativa de receita, pretende recuperar parte operando mais com e-commerce?
Sim, vamos ter uma perda bem relevante. A Renner é uma empresa sólida, robusta, com bastante capital. Estamos trabalhando em paralelo mitigando impactos de perda de receita com congelamento de despesas e de investimentos. Ainda não sabemos de quanto será a perda, porque isso vai depender da duração do lockout. Não estamos buscando mais vendas online, nosso sites, de Renner, Camicado, Youcom e Ashua, estão no ar só como prestação de serviços. Se vender muito online, temos de colocar mais gente para operar. Como nosso foco é proteger equipes, é mais seguro para eles se volume for pequeno, porque dá para espaçar mais o local de trabalho.
O que é justo cobrar do governo em um momento como este?
Antes de mais nada, é preciso serenidade, e pensar que proteger as pessoas e proteger a economia não são coisas excludentes. Precisamos, antes de mais nada, proteger as pessoas e atacar a crise gerada pelo vírus. Já há muitas pessoas sentadas a uma mesa virtual da economia para buscar soluções. Outra prioridade é preservar empregos. Na Renner, estamos fazendo compensação de horas, férias individuais e, com negociação sindical, férias coletivas. Vai ser preciso um pouco de sacrifício de todos, mas as soluções vão vir. A melhor realidade que podemos esperar é que as empresas continuem existindo e que as vidas sejam preservadas.