O Rio Grande do Sul virou o mercado queridinho da BlaBlaCar, aplicativo de carona para viagens de longa distância, por ser o Estado onde o número de viagens mais cresce no Brasil. No ano passado, houve aumento de 180% em relação ao ano anterior. Foram feitos 1,3 milhão de roteiros em que donos de veículos deram carona a pessoas com necessidade de percorrer distâncias de até mil quilômetros. Para este ano, a projeção de Ricardo Leite, diretor-geral da BlaBlaCar, é de um novo salto de 150%.
– Fora o Nordeste, onde estamos apena chegando, é disparado o Estado em que mais crescemos. O Rio Grande do Sul se destaca pela intensidade – afirma Leite.
Em agosto de 2019, o BlaBlaCar tem 5 milhões de cadastrados no Brasil. Para quem não conhece o serviço, foi criado por Frédéric Mazzella depois de ter dificuldade de ir ao encontro da família no interior da França no Natal de 2003. As passagens de trem estavam esgotadas e ele não tinha carro. Depois de implorar que sua irmã o buscasse, percebeu, na estrada, um grande número de pessoas dirigindo sozinhas. Foi ali que teve a ideia de formar uma rede de transporte.
Pelas regra da BlaBlaCar, quem dá carona não pode ter lucro. A ideia é só compartilhar os gastos de viagem. Por isso, há um valor limite que pode ser cobrado dos passageiros, definido por quilômetro e incluindo eventuais pedágios. Leite diz que não há pretensão de ser um "antiUber", mas que o serviço francês gosta de estabelecer diferenças.
– Atuamos só em distâncias longas, o motorista apenas divide custos, não gera renda nem lucro, e quem define trajeto é o condutor, não o passageiro. Não faz sentido ter uma caixa de aço de uma tonelada levando só uma pessoa – detalha.
O diretor-geral do serviço no Brasil afirma que um dos objetivos do BlaBlaCar neste ano é atender melhor a cidades menores, especialmente as que são mal servidas por transporte público. Em 2019, houve ao menos uma viagem em 94% dos municípios gaúchos, diz Leite.
– Costumo dizer, nas reuniões na sede, que o Brasil tem potencial enorme de crescimento, porque a França cabe dentro da Bahia. E procuro dizer isso sem parecer arrogante – brinca.
Ah, e para quem não sabe a origem do nome, a coluna explica: motoristas e passageiros escolhem no perfil qual o nível de intensidade de conversação que pretendem ter durante a viagem: pode ser "bla" (pouco falante), "blabla" (interativo) ou "blablabla" (tagarela).