Altas na bolsa de valores não significam fim da turbulência. Ao contrário, afirma o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, ajudam a caracterizar os fins de ciclo nos mercados. Quem acompanha as palestras de Aod sabe que ele costuma apontar, há ao menos dois anos, que o mundo vivia o ciclo de alta mais longo dos últimos cem anos, portanto passível de correção.
– As maiores quedas diárias da história ocorrem nesses períodos, mas as maiores altas também. Quando os ativos ficam caros, tenta-se argumentar que vai durar por tecnologia, produtividade ou inovação, mas o fato é que o ciclo acaba.
Nas crises de 1991 e 1999, lembra, a bolsa nacional chegou a ter altas de 33%.
O fato de o fim do ciclo ter sido provocado por uma epidemia, pondera Aod, é preocupante. Por um lado, caso os mercados estivessem instáveis apenas pela covid-19, poderia haver queda rápida seguida por reação igualmente veloz.
– Há sinais de que não é só isso, porque a economia global estava em desaceleração antes do coronavírus – avalia Aod.
Além da incerteza sobre a duração, observa, há outra sobre o tratamento. Até 2008, o remédio era monetário: baixar juro. Agora, as taxas estão baixas, algumas até negativas (abaixo da inflação).
– A questão é o que vai se fazer e qual o poder do que vai ser feito. Será preciso testar outras saídas, com política fiscal (gasto público).
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