A coluna estava intrigada com uma divergência entre os dados sobre investimento externo no Brasil. Havia uma inconsistência entre os divulgados no dia 27 de janeiro pelo Banco Central (BC) e os apresentados na semana anterior pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Untad, na sigla em inglês). Os do BC mostravam que o valor havia permanecido quase o mesmo entre 2918 e 2019. Os da Unctac apontavam crescimento de 26% no mesmo período.
O BC informou o resultado de todas as operações de entrada e saída de dólares do Brasil em 2019. Conforme o BC, o investimento direto, dinheiro que se transforma em novas operações e empregos, foi de US$ 78,6 bilhões em 2019, quase igual ao de 2018 (US$ 78,2 bilhões). A cifra total não diverge muito da informada pela Unctad, que registrou US$ 75 bilhões. O organismo da ONU, porém, havia indicado alta de 26%, atribuída ao aumento das privatizações feitas no Brasil. No dia 28 de janeiro, o BC respondeu à consulta da coluna. Veja a explicação da instituição:
1) A Unctad utilizou as estatísticas oficiais do BCB até setembro de 2019 e estimou o último trimestre. As estimativas da Unctad foram diferentes das estatísticas oficiais do BCB;
2) A metodologia internacional para a compilação das estatísticas de investimentos diretos (princípio de ativos e passivos) mudou em 2009, e o BCB a implementou em 2015. A Unctad manteve nas suas divulgações a metodologia de 1993 (princípio direcional).
Ou seja, na vida real, não na projetada pelas estatísticas, não houve alta de 26% nos investimentos estrangeiros no Brasil em 2019. O ranking do organismo multilateral havia sido saudado pelo presidente Jair Bolsonaro como indicador da volta da confiança no Brasil.