Não tem qualquer relação com a proposta de "limpar o nome" dos brasileiros feita pelo ex-candidato Presidência da República Ciro Gomes (PDT). Mas saiu, enfim, um plano ambicioso de revisão das dívidas no Brasil. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e o Banco Central (BC), anunciaram um mutirão de renegociação de pendências de 2 a 6 de dezembro. Todos os grandes bancos participam – Banrisul, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander. Veja aqui a lista de agências que participam.
As condições ainda não foram detalhadas e, segundo o BC, cada instituição definirá
o que vai oferecer aos clientes.
Claíse Rauber diretora de produto, segmentos e canais digitais do Banrisul, prevê que as condições serão definidas na próxima semana. Adianta que haverá desconto sobre o total da dívida e nos juros. As agências que terão horário estendido serão a Central, e as dos shoppings Total e Praia de Belas.
Na véspera, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) haviam publicado pesquisa mostrando que o número de consumidores com contas em atraso cresceu 1,58% em outubro, em relação ao mesmo mês de 2018. Também apontou que a maior parte da inadimplência (53%) no país está relacionada a instituições financeiras. E olhando apenas pra bancos, houve alta de seis pontos percentuais em relação a 2016.
Renegociar dívidas com clientes não é favor dos bancos. Embora o grosso das pendências seja de empresas, todo crédito sem perspectiva de quitação vai parar em uma conta chamada "provisão para créditos de liquidação duvidosa". Isso afeta o resultado dos bancos e, portanto, a valorização de suas ações no mercado. Portanto, não se trata de bom-mocismo. É interesse, mesmo.
Do ponto de vista de quem deve, a inclusão nos cadastros negativos é um pesadelo. Além de tirar o sono, barra o acesso ao crédito e impede o consumo de bens de valor um pouco mais elevado. Trocar eletrodomésticos, por exemplo, torna-se praticamente inviável.
A renegociação interessa até a quem ainda consegue manter as contas em dia. O atraso dos demais também é incluído na sua conta. A inadimplência elevada é uma das justificativas usadas pelos bancos para tentar explicar as taxas escandalosas dos juros do cartão de crédito e do cheque especial. Por tudo isso, a revisão das dívidas interessa a todos os brasileiros. É outro fator com poder de ajudar a destravar a economia. Desde que não seja um faz-de-conta.