O faturamento da indústria de seguros no Brasil cresceu 8,4% no primeiro semestre de 2019 (dado mais atual disponível) na comparação com o mesmo período do ano passado. No total, o setor arrecadou R$ 125,4 bilhões em seis meses, contra R$ 107,5 bilhões de igual período de 2018, sem considerar o setor de saúde e a arrecadação DPVAT.
Destoando da média nacional, o Rio Grande do Sul registrou, em média, queda de 8,4% na arrecadação geral de seguros. O setor faturou no Estado R$ 8,1 bilhões de janeiro a junho de 2019, contra R$ 8,9 bilhões em igual período de 2018. O levantamento foi feito pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) a pedido de GaúchaZH.
Apesar da queda na arrecadação média do setor no Rio Grande do Sul, um seguro vem chamando atenção. O Prestamista teve crescimento de 40% no primeiro semestre no Estado. A arrecadação ficou em R$ 557,6 milhões frente aos R$ 395,7 milhões de igual período de 2018.
A procura superou a média nacional, que registrou crescimento de 24,1%, passando de R$ 5,5 bilhões, no primeiro semestre do ano passado, para R$ 6,8 bilhões de arrecadação neste ano.
Para o presidente da CNSeg, Márcio Serôa de Araújo Coriolano, há uma tendência forte de continuação do crescimento do seguro prestamista.
— Como, no Brasil, continua a retomada do crédito, principalmente para pequena e média empresa, mas também para pessoas físicas, esse seguro vai continuar crescendo bastante — estima.
No ramo de seguros há 27 anos, o diretor comercial da empresa Benefício Sul Corretora de Seguros, Maurício Junqueira, faz uma síntese sobre esse produto adquirido cada vez mais no mercado.
— É um seguro de vida que tem o objetivo de garantir um bem, um patrimônio ou um determinado crédito na falta do segurado — destaca.
Como funciona o seguro prestamista
O seguro prestamista prevê a quitação de empréstimos em caso de falecimento do segurado e invalidez permanente por acidente e/ou doença. Dessa forma, a dívida não fica para os familiares.
Nos casos de desemprego e/ou incapacidade física temporária, parcelas (o número de parcelas é acertado na assinatura do contrato) são quitadas. Em relação à demissão, o objetivo é permitir que o segurado tenha essas prestações pagas até que possa se inserir novamente no mercado de trabalho. Em relação à invalidez temporária, serve para que o segurado tenha um fôlego financeiro, com o pagamento de determinadas parcelas, até a recuperação de sua saúde.
— Ele garante o pagamento por alguma ocorrência atípica — alerta Junqueira, ao explicar que não é um seguro que pode ser usado para quitação de parcelas de empréstimos por qualquer motivo.
Vice-presidente da Icatu Seguros e presidente da Rio Grande Seguros e Previdência, César Saut lembra que o seguro prestamista é um produto oferecido separadamente do crédito concedido.
— A gente, há poucos dias, viu isso na própria Expointer. Muitas das operações de crédito concedido a produtores na feira estavam atreladas a um seguro prestamista — destaca Saut.
Ele cita como exemplo o caso de uma pessoa com idade média entre 40 e 50 anos.
— Ela vai pagar 50 centavos para cada mil reais contraídos de empréstimo. Então, se fizer empréstimo ou um crédito na ordem dos R$ 10 mil, vai pagar um seguro de cinco reais mensais — exemplifica Saut.
O seguro prestamista pode ser pago em parcelas mensais ou em apenas uma vez.
Exemplos práticos do seguro prestamista
GaúchaZH pediu a Saut exemplos reais de valores pagos no seguro prestamista, no Rio Grande do Sul.
Dívida quitada: R$ 41,5 mil
Prêmio pago (valor mensal pago pelo segurado): 21,60
Idade do segurado: 38 anos
Dívida quitada: R$ 475,9 mil
Prêmio pago: R$ 251,29
Idade do segurado: 54 anos
Dívida quitada: R$ 246,1 mil
Prêmio pago: R$ 127,98
Idade do segurado: 47 anos
Bom para as duas partes
Se de um lado o seguro prestamista evita dor de cabeça para quem contrata, já que a dívida de empréstimo é quitada, de outro, ajuda também quem concede o crédito, já que há uma redução da inadimplência.
— Incrementamos esse produto, com o auxílio-funeral, que certamente vai ajudar os familiares. E ele também concorre mensalmente a quatro sorteios de R$ 5 mil — acrescenta Luiz Onofre Meira, presidente da Servicoop, cooperativa de crédito que trabalha com o seguro prestamista.
Leci de Oliveira foi sorteada e recebeu esses R$ 5 mil citados por Meira. O marido dela, que acabou falecendo em janeiro, tinha o seguro prestamista. O empréstimo de R$ 13,8 mil foi quitado pela seguradora. Ela ainda recebeu uma diferença de R$ 1,5 mil e outros R$ 1,5 mil de auxílio-funeral.
— Pelo menos a dívida foi quitada. Nos valeu muito esse seguro — conta Leci.
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