Não é oficial, mas como a Petrobras não desmentiu, a informação é considerada correta: apenas quatro empresas estariam na fase final da privatização da Refap, de Canoas, da Repar, de Araucária (PR), da Rnest, de Pernambuco e da Rlan, da Bahia. Conforme a agência de notícias Reuters, estariam na disputa as brasileiras Ultrapar (dona da rede de postos Ipiranga), a Raízen (fusão da Cosan com a Shell), a chinesa Sinopec e o fundo Mubadala, de Abu Dabi, um do Emirados Árabes Unidos.
— Parece o pré-sal — reagiu o especialista em petróleo e petroquímica João Luiz Zuñeda, referindo-se à decepção com a falta de apetite estrangeiro na disputa de áreas para exploração de petróleo que marcou os leilões no início do mês.
A Petrobras informa apenas que não comenta as informações para obedecer as regras do processo de privatização. Mas diante da falta de posicionamento da estatal, o mercado leva a sério a informação extra-oficial.
Conforme as fontes ouvidas pela Reuters, Ultrapar e Raízen devem disputar as duas refinarias do Sul e a Rnest, enquanto Sinopec e Mubadala teriam interesse na unidade de refino mais antiga do Brasil, a da Bahia. Caso esse cenário se confirme, o Rio Grande do Sul poderia viver uma espécie de ironia histórica: em 2007, o grupo Ultrapar comprou a rede Ipiranga, que pertencia a cinco famílias gaúchas. Caso arremate a refinaria, terá presença estratégica no Estado.
— Há poucos interessados. Fiquei triste, achava que a competição seria mais acirrada. Agora fica claro que o Brasil continua sendo visto como um país complicado para investir. Precisamos trabalhar bem e rápido para nos colocar como um mercado importante para combustíveis – avalia Zuñeda.
Havia expectativa, tanto do mercado quanto da própria Petrobras, como afirmou à coluna o diretor de relacionamento institucional da estatal, Roberto Ardenghy, que grandes tradings de petróleo competissem pelas refinarias. Como isso não parece não ter ocorrido, a primeira consequência seria redução da expectativa de preço dos ativos, avalia Zuñeda. A estimativa para todas as refinarias à venda pela Petrobras – além das quatro que estão com processo mais adiantado, como a Refap, há outras quatro à venda – era algo em torno de US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões. Conforme a Petrobras, as ofertas devem ser feitas até fevereiro.