Em tese, é uma experiência. Na prática, a primeira incursão da Melnick Even no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) é quase uma vila em Canoas: uma quadra inteira, com trinta prédios de cinco andares e 600 unidades com valor geral de venda (VGV) de R$ 105 milhões. A decisão de entrar nesse segmento, que vem sofrendo atrasos nos repasses de pagamentos do governo federal, foi muito consciente, diz Juliano Melnick, diretor da incorporadora. Foi criada uma unidade específica, a Open, para atuar nesse mercado.
E é um projeto MCMV, para baixa renda (preço médio de apartamento de 43/44 metros quadrados é R$ 175 mil, com cerca de R$ 11,6 mil em subsídios do governo federal) com o que o empresário chama de "DNA da empresa": terá duas piscinas, oito quiosques cobertos com churrasqueira (imagem abaixo), quadra poliesportiva, espaço para animais de estimação e até estrutura para portaria 24 horas – que poderá ser usada ou não, conforme a escolha dos condôminos.
– Fizemos um pouquinho mais completo. Era o último segmento em que a empresa não atuava. Temos uma marca forte associada ao alto padrão, mas já havíamos nos aproximado de faixas de menor preço com os projetos Supreme e Vida Vida. Agora temos um portfólio completo – diz Juliano.
Do ponto de vista da incorporadora, as dificuldades do MCMV estão mais relacionados às faixas de preço ainda menores, e com mais subsídios do governo federal. A faixa 3, onde a Open vai operar, relata, tem sofrido menos com atrasos mesmo tendo taxas de juro menores do que a média do mercado de financiamento imobiliário.
– Esse mercado do MCMV é dominado por empresas muito grandes ou muito pequenas, que não têm pulmão financeiro, não conseguem resistir a um atraso, por exemplo, de 60 dias. A Melnick é uma empresa estruturada que pode lidar melhor com oscilações – justifica.
Cauteloso, o empresário insiste que o projeto de Canoas é uma experiência, apesar do tamanho. Vai checar o potencial do mercado e acumular aprendizado:
– Se a experiência for boa, vamos traçar um plano para mais longo prazo.