Depois de ouvir os governadores dos Estados da Amazônia Legal, o presidente Jair Bolsonaro pediu ao porta-voz, Otávio do Rêgo Barros, que oficializasse a decisão de aceitar ajuda externa. Foi um alívio para governadores com cofres vazios, exportadores preocupados com danos à imagem dos produtos brasileiros e empresários do agronegócio inquietos com risco de boicote espontâneo de consumidores.
Segundo o porta-voz, o governo Bolsonaro "não rasga dinheiro". Precisou confirmar, depois do susto proporcionado na véspera, quando outras vozes, inclusive a do próprio presidente, sugeriram que a hipótese de recusar ajuda poderia prevalecer.
Foi preciso passar por cima, com maturidade, não de "insultos" de Emmanuel Macron, mas de uma insinuação feita pelo presidente francês que sugeriu, sem detalhar, algum tipo de internacionalização da Amazônia. Ambos acabaram incorrendo em antidiplomacia presidencial.
Se fosse briga de colégio, como acabou parecendo, o provocador teria sido Bolsonaro, que preferiu cortar o cabelo a receber o ministro francês das Relações Exteriores de França, Jean-Yves Le Drian. Assim como na escola, quem chama para a briga pode ser atendido.
Com a ajuda da ministra da Agricultura, Teresa Cristina, prevaleceu a racionalidade, inclusive na forma correta de afirmação da soberania sobre a Amazônia. Ajuda externa será bem-vinda sempre que permitir ao Brasil a gestão dos recursos.
Como havia observado a coluna, em entrevista à Rádio Gaúcha a ministra reconheceu o problema e disse que a melhor estratégia de defesa é dar a exata dimensão da crise: há agravamento das queimadas, mas não com a gravidade que desinformação ajudou a espalhar pelo mundo.