Diante das especulações de que pode entrar em recessão técnica depois de setembro, ao final do terceiro trimestre, a Alemanha começa a se mover para evitar que a percepção desse risco aumente. Além de sinalizar extraoficialmente com medidas de estímulo, logo depois da divulgação do pequeno recuo de 0,1% no período entre abril e junho, o governo de Angela Merkel confirmou a ameaça de nova queda nesta segunda-feira (19).
O banco central do país (Bundesbank) admitiu a hipótese de uma "contração" da produção industrial e a atribuiu às tensões comerciais internacionais. Antes, no domingo, o ministro das Finanças, Olaf Scholz, declarou em entrevistas que o país tem recursos para "enfrentar" uma nova crise como a de 2008.
No Brasil, onde o risco de uma recessão técnica (dois trimestres seguidos de encolhimento no PIB) é iminente – o IBGE vai informar o resultado oficial da atividade econômica de abril a junho no próximo dia 29 –, não há movimentação para suavizar o impacto da informação. Caso se confirme, não será uma queda acentuada. As estimativas vão de -0,2% a 0,2% positivo. Mesmo assim, reverbera, até por vir depois de declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro sobre relações com outros países.
Aqui, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pede paciência e prazo de um ou dois anos para melhorar os indicadores econômicos e sociais, enquanto Bolsonaro usa discurso de terra arrasada para as finanças públicas. Na sexta-feira, tentou justificar cortes de orçamento para pesquisa e educação com uma descrição assustadora:
– O Brasil inteiro está sem dinheiro (...). Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados. Estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro e eu já sabia disso. Estamos fazendo milagre, conversando com a equipe econômica. A gente está vendo o que a gente pode fazer para sobreviver.
E mesmo pintando um cenário tão drástico, segue fazendo de duas a três viagens por semana pelo Brasil. Sem falar em recessão e desemprego, mas comprando briga com a Polícia Federal e a Receita Federal.