Depois que o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha encolheu 0,1% no segundo trimestre e contribuiu para acentuar a preocupação com uma recessão global, nesta sexta-feira (16) o governo alemão acenou com estímulos fiscais para evitar entrar em recessão técnica, ou seja, mais um trimestre negativo de julho a setembro. A informação dada pela revista Der Spigel circula pelos mercados financeiros de todo o mundo e contribui para um dia de relativo alívio nas bolsas e no mercado de câmbio. No Brasil, neste final de manhã o dólar segue abaixo de R$ 4, apesar de leve alta em relação ao fechamento do dia anterior,
e a bolsa de valores recuperou os 100 mil pontos com avanço de 0,8% até o meio do dia.
Desde o final de julho os mercados financeiros operam como montanha-russa, por medo de recessão global. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o ministro das Finanças do país, Olaf Scholz, sinalizaram disposição de elevar a dívida do país para compensar uma eventual queda de receita provocada pelo encolhimento da economia. Mais cedo, a China também anunciou dois programas de estímulo, um que prevê obras de infraestrutura no valor de US$ 100 bilhões e outro para elevar a renda da população neste e no próximo ano.
Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro havia reagido com ironia à decisão da Alemanha, anunciada na sexta-feira passada, de cortar a ajuda equivalente a R$ 155 milhões para o Fundo Amazônia:
– Eu queria até mandar recado para a senhora querida Angela Merkel, que suspendeu 80 milhões de dólares (o valor citado não corresponde ao anunciado) pra Amazônia. Pega essa grana e refloreste a Alemanha, tá ok? Lá está precisando muito mais do que aqui – disse o presidente.
O sinal é de que Merkel não deve reflorestar a Amazônia, mas está disposta, sim, a usar dinheiro público para reduzir o risco de que a economia do país que comanda entre em parafuso. Como disse à coluna o professor Antonio Corrêa de Lacerda, é possível evitar o risco de recessão global, desde que os os governos adotem medidas compatíveis.