
Para determinados setores, a recessão de 2015 e 2016 foi especialmente dura. No de material de transporte, as vendas caíram à metade. Mas a Randon, de Caxias do Sul, deu a volta por cima. Neste ano, volta ao auge da produção. Em 2016, chegou a produzir 50 semirreboques por dia. Neste, retomou o ritmo de diárias de 2013.
O cenário dá mais conforto à concretização de um investimento definido ainda no fundo do poço, em 2016. Na época, a indústria deu um passo ousado: decidiu investir R$ 46 milhões em três anos na modernização da estamparia. No mundo metalmecânico, isso quer dizer cortar longas e grossas placas de aço para montar as caixas de carga que se acoplam às cabines de caminhão. A Randon vai trocar a prensa a plasma por uma a laser de fibra.
–É uma coisa de cinema, essa célula é uma manufatura 4.0, inteligente. Corta placas de aço de 20 milímetros de espessura como se fosse manteiga – entusiasma-se Alexandre Gazzi, diretor de operações da Randon Implementos.
O equipamento mais “cinematográfico” é uma espécie de depósito vertical. Descrito assim, parece pouco atrativo, mas funciona como alguns estacionamentos japoneses, com estrutura móvel e gigantescos braços robóticos que movimentam o material.
No caso da Randon, não serão veículos completos, mas grandes peças.
Duas etapas, a compra do material e a chegada do principal equipamento, já se completaram. Tudo estará pronto no próximo ano. Segundo Gazzi, o objetivo não é aumentar a capacidade, mas modernizar e ganhar produtividade. Por isso, o investimento se sustenta mesmo sem uma grande reação da economia:
–Se tivéssemos feito o investimento pensando em aquecimento, seria complicado. Mas se paga porque fazemos a troca de processo. Tomamos a decisão de mudar porque precisávamos arriscar e investir. No auge, em 2013, com o mercado ainda inflado, fizemos 24 mil semirreboques. Neste ritmo, vamos bater esse número, mesmo com o mercado menor. Agora, tiramos pé –detalha.
Sobre a preocupação que surge sempre que se fala em automação – a redução de empregos –, Gazzi afirma que haverá troca de postos de trabalho de menor qualidade por outros mais qualificados.
–Vamos fechar alguns postos e criar outros. Vamos ter de mais gente na área de engenharia industrial e técnicos com boa formação – afirma Gazzi, acrescentando que a mudança na produção também gera muito menos resíduos, reduzindo o o impacto ambiental.