No primeiro encontro formal e público com o empresariado gaúcho, o governador Eduardo Leite fez um discurso sob medida para a plateia. Diante de líderes de entidades e empreendedores locais, anunciou a venda do helicóptero executivo que serve ao Piratini, para "reduzir custos fixos", confirmou que fará abertura de capital da Corsan, para financiar projetos de saneamento, e comprometeu-se a melhorar o ambiente de negócios no Estado.
Em tese, o melhor momento para a oferta de ações da companhia seria logo depois da aprovação da reforma da Previdência – caso se confirme. Mas a abertura de capital de uma das estatais gaúchas que alcançaria maior valor de mercado pode ficar para 2020.
O tamanho e a complexidade da montagem do negócio são apontados, no governo do Estado, como fatores que recomendariam um prazo mais longo, até 2020. A oferta pública de ações (IPO na sigla em inglês) teria como objetivo financiar obras de saneamento no Estado. A tendência é de que uma consultoria externa seja contratada para modelar a venda, com apoio do governo.
– Queremos transformar o Rio Grande do Sul em um bom local para investir, porque tenha um bom ambiente de negócios, que retenha talentos. Empreendedores foram embora por não ter ambiente adequado e por ter oferecido insegurança pública, em vez de segurança – afirmou na reunião-almoço da Lide, entidade fundada pelo atual governador de São Paulo, João Doria.
Ao citar a necessidade de reduzir os gastos públicos para fazer o Estado "caber no bolso do cidadão", Leite também anunciou a decisão de vender o helicóptero executivo que serve ao Piratini, em nome da redução dos custos fixos. Embora a economia seja pequena perto das necessidades – o atual governo estimou em R$ 22 bilhões o déficit potencial deste ano –, é o tipo de medida que funciona pelo exemplo, mais do que pelo resultado.
Os empresários presentes gostaram do discurso, mas em conversas informais, comentavam que a crise fiscal já é bastante conhecida, e agora o que falta fazer é tomar providências. Ao mencionar o foco que pretende dar a parceiras público-privadas (PPP), Leite foi interrompido por aplausos, pela única vez durante o discurso de pouco mais de meia hora. Também atribuiu a volta das secretarias de Ciência e Tecnologia e de Cultura à necessidade de estimular a economia criativa. Leite não deixou passar o crédito à criação de Lide pelo atual colega Doria. Quebrou o protocolo e, em nome do "grande comunicador" e fundador da entidade, pediu licença para, em vez de falar em um púlpito à direita da plateia, um pouco escondido, ficar no centro, à frente do palco.