Foi um dia de alívio no mercado financeiro, no Brasil por conta da reiteração do aceno do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de começar a votação da reforma da Previdência ainda em maio, e no Exterior pelos sinais de trégua nos Estados Unidos com a China e entre governo e oposição. Uma entrevista em que executivos da Vale tentaram esclarecer sobre responsabilidades no rompimento da barragem em Brumadinho fez as ações da mineradora, que haviam despencado cerca de 30% desde a tragédia, subissem 5,43%.
Com base em relatório de peritos, a direção da empresa buscou responder suspeitas de que o risco era conhecido e teria sido ignorado. A bolsa fechou em alta de 1,86%, e o dólar voltou ao patamar de R$ 3,714, com queda de 1,3%.
A confirmação de que a alta hospitalar do presidente Jair Bolsonaro pode ocorrer ainda nesta semana contribuiu para desanuviar o clima entre investidores e especuladores. Desde que ele voltou ao hospital, com febre e diagnóstico de pneumonia, sintomas de desconforto se espalharam por medo de atraso na Previdência.
Em nova revisão das projeções anteriores, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, afirmou que Bolsonaro receberá uma única proposta de reforma da Previdência – antes a sinalização era de que haveria três. Marinho reforçou uma afirmação do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de que será “bastante diferente” da primeira versão conhecida, que previa idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e mulheres. Ontem, ganhou força a informação, ainda extraoficial, de que Bolsonaro teria definido 62 anos para homens e 57 para mulheres – limites já mencionados por ele mesmo.
Se no mercado financeiro o clima foi amenizado, na economia real o estresse se fortaleceu. Depois da retirada da salvaguarda sobre o leite em pó, que expunha a produção nacional à concorrência externa em um setor que deu apoio maciço a Bolsonaro, ontem surgiu nova medida que afeta os interesses dos ruralistas, o fim da isenção da contribuição previdenciária para exportações agrícolas. Relacionada ao espírito de não elevar com tributos o preço dos produtos embarcados para o Exterior, a medida pode cair.