Na segunda-feira à noite, começou a tomar forma o instituto de inovação privado que pretende colocar Porto Alegre em novo patamar na área de tecnologia – e representa o primeiro passo concreto do Pacto Alegre. Com objetivo de ser um centro privado com espaço de coworking, aceleração para startups e centro de financiamento de expansão de empresas, o empreendimento agora já tem local: em vez do Cais Mauá, vai se instalar em uma área que pode chegar a 50 mil metros quadrados na área do DC Navegantes. Frederico Renner, da família proprietária da área (antiga dona da rede de lojas) procurou o presidente do Agibank, Marciano Testa, líder do projeto, para oferecer a área, e houve acordo.
A primeira fase do projeto vai ocupar 12 mil metros quadrados, e uma das ambições de Testa é trazer a Porto Alegre uma unidade de uma das "big globais". As companhias conhecidas como "big five" são Alphabet (dona do Google), Amazon, Apple, Facebook e Microsoft.
A reunião na segunda-feira teve a presença de boa parte do PIB gaúcho. Conforme Testa, o lançamento oficial deve ocorrer entre o final deste ano e o início de 2019. Neste momento, o projeto está em fase de captação de cotistas, para garantir a reforma e o equipamento dos espaços.
Um dos já confirmados é a Panvel. Julio Mottin Neto, presidente da empresa, explica sua motivação:
– É uma oportunidade única que está se criando para transformar Porto Alegre em um polo importante de inovação. Parte de algo inédito em um Estado grenalizado, a união das três maiores universidades. Para nós, como empresários com matriz no Rio Grande do Sul é uma boa forma de estar junto dessas empresas e da inovação. Há boa mão de obra aqui, toda inovação desenvolvida na Panvel foi com empresas gaúchas ou funcionários próprios. Nossa intenção realmente era levar a área de inovação para fora da empresa. É bom atuar em ambiente externo para não ficar limitado. A intenção é fomentar startups e as áreas de inovação de empresas já consolidadas.
Outro parceiro já definido é a StartSe. Marcelo Maisonnave, um dos sócios, avisa que será uma espécie de conselheiro do instituto.
– Como já morei no Vale do Silício e sou empreendedor de empresas de tecnologia, posso apontar as necessidades e as dores de quem atua nessa área. A inovação não se dá mais no departamento de pesquisa e desenvolvimento das empresas, acontece por empreendedores com acesso a tecnologia que não tem sistemas legados, por isso conseguem testar novos modelos de negócio muito rapidamente e sai na frente das grandes empresas.
Testa detalha os três pilares do instituto:
1. Envolver e reter talentos no Estado, para melhorar a qualidade do capital humano disponível
2. Conectar as grandes empresas do Estado com o mundo das startups, fintechs e outras especialidades
3. Ajudar a resolver dificuldades do Estado e do município de Porto Alegre por meio de hackatons (maratonas de trabalho em que desenvolvedores se focam na solução de problemas específicos), que seria uma espécie de contrapartida do instituto à sociedade.
Uma das inspirações para unir tecnologia e revitalização de área portuária é o parque Lindholmen, de Gotemburgo, segunda maior cidade da Suécia. Montado na área do antigo porto, reúne três universidades – de TI, Gotemburgo e Técnica de Chalmers - e 300 empresas, entre as quais grifes como IBM, Volvo, Ericsson, Saab e Semcon.