Reconhecida no passado pela qualidade de vida ou por eventos como o Fórum Social Mundial, Porto Alegre dará nesta quarta-feira (21) mais um passo rumo a uma nova vocação: transformar-se em referência internacional de inovação.
Com esse objetivo, será lançado o chamado Pacto Alegre, às 14h, no Centro Cultural da UFRGS. Fomentado pela Aliança para Inovação — entidade que une UFRGS, PUCRS e Unisinos em conjunto com a prefeitura e outras organizações —, o pacto tem como meta engajar o maior número possível de entidades, empresas e órgãos públicos na criação de um ambiente favorável a inovações, cultura e qualidade de vida. As futuras iniciativas deverão ser apresentadas em um grande festival a ser realizado na cidade em 2020.
O coordenador do projeto, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, afirma que a cerimônia de lançamento do pacto servirá também para a assinatura de um contrato de consultoria com o especialista espanhol Josep Piquè, responsável por programas de revitalização de cidades como Barcelona, na Espanha, ou Medellín, na Colômbia. Piquè, que já vinha colaborando com a aliança porto-alegrense, agora assinará um compromisso de pelo menos três anos de parceria. Segundo Luiz Carlos, os custos são bancados por financiadores privados.
O pacto é mais uma etapa no processo de cooperação que teve início com o lançamento da Aliança para Inovação, apresentada formalmente em julho. Ao reunir três das principais universidades gaúchas, o grupo já levou a iniciativas práticas como o estímulo ao lançamento de startups na área de educação ou uma academia aberta que procura disseminar a cultura das novas tecnologias entre o empresariado da Capital por meio de encontros e outras ferramentas, em parceria com a Fiergs.
Agora, a ideia é reunir ainda mais pessoas e organizações à onda inovadora, incluindo setores da prefeitura e da sociedade civil. Um grupo de 75 entidades foi convidado a se integrar ao pacto em um primeiro momento, mas a ideia é ser o mais inclusivo possível.
— A lógica do pacto é romper a lógica da grenalização, unir esforços, facilitar a adaptação ao que é novo, gerar um ambiente na cidade que atraia talentos, investimentos, e assim gerar emprego, renda, impostos e criar uma cidade melhor para se viver. Uma cidade mais competitiva e resiliente. Para isso, precisamos do envolvimento de todos, universidades, poder público, empresas e organizações sociais — sustenta Luiz Carlos, que também é diretor da Escola de Engenharia da UFRGS.
Com esse objetivo, até mesmo adversários esportivos como Inter e Grêmio deverão ser convidados a deixar a rivalidade de lado e participar de algum projeto em conjunto. Cada entidade que se integrar ao pacto deverá, até março do ano que vem, se engajar em alguma iniciativa que traga benefício à cidade. Outro plano dos participantes é realizar, em 2020, um grande festival de inovação — com a dimensão que o Fórum Social Mundial chegou a ter no começo dos anos 2000.
— O tamanho que esse evento terá ainda vai depender do financiamento, mas a ideia é de um grande fórum descentralizado, que mobilize toda a cidade — diz Luiz Carlos.
A solenidade de quarta-feira deverá ter a participação do prefeito Nelson Marchezan e dos reitores da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, da PUCRS, Evilázio Teixeira, e da Unisinos, Marcelo Fernandes de Aquino.
Como funciona
- A Aliança para Inovação é um grupo que reúne esforços de três das principais universidades gaúchas — UFRGS, PUCRS e Unisinos — em projetos destinados a criar um ambiente criativo e inovador em Porto Alegre
- A Aliança já vem trabalhando em parceria com outras entidades, como a Fiergs ou a prefeitura de Porto Alegre, para estimular ações de inovação na cidade
- Na quarta-feira, será dado mais um passo para tentar transformar Porto Alegre em uma referência internacional (aproveitando vocações como tecnologia da informação, da saúde ou o potencial acadêmico da cidade) por meio da formalização de um pacto
- O pacto deverá ser uma espécie de mesa onde terão assento pelo menos 75 entidades da Capital, dos setores público e privado, que deverão propor projetos inovadores e se responsabilizar por eles até março do ano que vem
- Esses projetos podem incluir iniciativas para estimular o conhecimento de tecnologia na cidade, como o ensino de lógica ou robótica, favorecer o lançamento de startups ou facilitar o acesso a serviços públicos por meio da tecnologia, por exemplo
- O pano de fundo da iniciativa é, em médio e longo prazo, criar um ambiente favorável a investimentos e à permanência de talentos na cidade, gerando mais emprego e renda. Não há, porém, um período determinado para isso ocorrer. Tudo deverá ser colocado em discussão com os integrantes do pacto ao longo dos próximos meses