Cláudio Guenther, presidente da Stihl Brasil, foi um dos palestrantes sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em evento organizado pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, em parceria com o World Observatory e a PwC, durante a 73ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na semana passada. De volta ao Brasil, Guenther conversou com a coluna para falar sobre sua perspectiva de sustentabilidade, os projetos da Stihl no Brasil e o avanço das obras do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em São Leopoldo, que serão inauguradas em 5 de novembro com toda a diretoria da Stihl na Alemanha. Guenther avalia que viu, mesmo na ONU, empresas fazendo mais marketing do que assumindo compromissos com sustentabilidade, mas assegura que os da Stihl geram resultados, não só de sustentação de projetos, mas de rentabilidade.
Sustentabilidade e motosserra
"Foi um reconhecimento do trabalho que a Stihl já faz no aspecto social e no ambiente. Quando falamos em sustentabilidade, falamos em sustentar um processo. Não é só falar 'evite corte de árvore'. Tratar a questão do CO2, usar energia limpa, consumo racional da água, recursos naturais. Temos um grande pilar de sustentabilidade vinculado à educação. Quando há educação, sustenta-se um processo no curto, médio e longo prazos. Contribuímos com a educação de nossos funcionários, de clientes e da sociedade. Neste ano, temos meta de treinar 3,3 mil pessoas, que cresce 10% a cada ano. Cada um ganha certificado, melhora a empregabilidade, porque pode trabalhar em mais de 3,4 mil pontos de venda no Brasil. Temos projetos sociais, como o Sul em Dança, que ajuda a afastar jovens do risco. Também estamos formando 20 jovens da comunidade carente das imediações do Jardim Botânico, oferecemos formação em jardinagem e cuidado com o ambiente. No Pará, apoiamos Instituto Floresta Tropical (IFT), que apoia comunidades ribeirinhas, na autossuficiência. Apoiamos o manejo sustentável da floresta, o uso racional da madeira, com a colheita das árvores maduras. Ajuda a comunidade a se manter no local, criando renda. Após a colheita, a floresta fica intacta por 30 anos, dando espaço para novas árvores, evitando invasões e protegendo a floresta. Fazemos treinamento e fornecemos equipamento. Não é a motosserra que desmata, os grandes desmatamentos são provocados por tratores com correntes e pelo fogo em terras usadas para agricultura e pecuária."
Agenda 2030
"Vinculamos os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável à agenda 2030. A Alemanha está querendo assinar o Pacto Global da Agenda 2030, e minha ida para lá vai dar subsídios para a Stihl se encaixar nos critérios. Por ser empresa de capital fechado e familiar, a princípio, a Stihl não precisaria fazer isso. Todas as empresas que se apresentaram lá eram de capital aberto. Isso já faz parte da cultura do grupo Stihl. É possível aumentar a produção usando formas de gerar menos CO2. Reduzimos as emissões dos equipamentos a combustão e avançamos para o futuro, que vai ser a bateria. Pensamos em projetos de formação dos valores, até porque tudo que se ensina em uma escola, acaba educando os pais. Precisamos fazer mais nessa linha. Vamos ligar projetos já existentes com a agenda 2030."
Exemplo
"A ideia é vincular mais a clientes, pares e fornecedores. Tudo começa na orientação estratégica, temos indicadores de sustentabilidade muito bons. Pagamos PLR (distribuição de lucros) aos funcionários, um dos pontos avaliados é se fazem reciclagem correta do lixo. Existe auditoria para checar. O mesmo ocorre com o programa de fidelidade, que dá desconto diferenciado aos clientes, e a reciclagem correta do lixo entra no índice de qualificação. Quando se investe na formação dos profissionais, melhora a qualidade do produto, baixa o nível de retrabalho e sucata, não tem uso dobrado da energia elétrica, água e de matéria-prima. Produzindo com mais qualidade, menos recursos naturais são usados e aumenta a rentabilidade."
Centro de tecnologia
"Não só o prédio estará pronto, as instalações também, trabalhamos bastante. A inauguração está confirmada para 5 de novembro. A greve dos caminhoneiros e as condições climáticas atrapalharam, mas conseguimos recuperar o tempo. Toda a diretoria da Stihl na Alemanha vem, todos os integrantes do conselho, desde o presidente-executivo até os quatro vices-presidentes, os presidentes da Stihl nos Estados Unidos e na China. Vamos aproveitar a vinda deles para inaugurar o prédio, mostrar para o mundo Stihl que temos tecnologia de ponta. E no dia 7 de novembro, ocorre a festa dos 45 anos de Stihl no Brasil, no Copacabana Palace. O Centro de Tecnologia é um dos investimentos do pacote de R$ 300 milhões já aprovado pela Stihl no Brasil, ampliado para R$ 500 milhões em cinco anos. O prédio que vamos entregar segue os mesmos padrões técnicos da Alemanha, não deixa nada a desejar. Vamos prestar serviços para o grupo Stihl, testando os produtos.