Com foco no mercado externo, mas também sob efeito de pesquisas eleitorais que encurtam a vantagem do candidato Jair Bolsonaro (PSL) sobre o adversário Fernando Haddad (PT), o dólar comercial subiu de forma acentuada nesta quarta-feira (24). A moeda americana fechou com alta de 1,33%, para R$ 3,746 – pelos critérios de arredondamento, R$ 3,75. A bolsa teve queda forte de 2,6%, seguindo declínio igualmente intenso em Nova York, de 2,4% – incomum nos Estados Unidos. Por lá, esse resultado apagou todo o ganho do ano, que havia sido intenso. Nos últimos 15 dias, a bolsa de Nova York acumula 13 baixas. Em algumas dessas datas, o mercado financeiro doméstico optou por reagir às pesquisas.
No dia anterior, pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) à MDA, já havia apontado vantagem menor, e a reação do mercado financeiro foi, também, privilegiar o cenário externo. Assim, já são dois dias de freio no chamado "rali Bolsonaro", o efeito das expectativas favoráveis que investidores e especuladores têm sobre um eventual governo do capitão reformado.
Nos papéis do chamado "kit eleitoral", é possível detectar alguma influência da sucessão presidencial. Todos caíram acima da média da bolsa: os da Eletrobras, 3,87%, os do Banco do Brasil, 2,23%, e os da Petrobras, 1,98%. Embora apoiadores de Bolsonaro se ressintam do resultado das pesquisas, o mercado já se concentra nas apostas sobre a formação do futuro governo, especialmente a equipe econômica. Paulo Spyer, diretor da corretora Mirae, avalia que a localização de dispositivos explosivos enviados ao ex-presidente Barack Obama e à ex-candidata à Casa Branca Hillary Clinton, além da emissora de TV CNN, foram uma espécie de gatilho para acentuar a queda da bolsa de Nova York.