O entusiasmo de investidores e especuladores que se seguiu à definição do primeiro turno nas eleições presidenciais fez o dólar cair 2,35%, para R$ 3,766, a menor cotação desde 8
de agosto. Na bolsa, a euforia foi ainda mais evidente: encerrou com alta é de 4,57%, para 86 mil pontos. A sessão movimentou R$ 29 bilhões, maior valor da história do Ibovespa para um dia normal. A marca anterior era a do Joesley Day – o dia seguinte à divulgação da delação da JBS, em 18 de maio de 2017. Na época, é bom lembrar, houve alta movimentação, mas com queda profunda (8%) no índice médio. Como "dia normal", entenda-se uma jornada sem vencimento de opções, que costuma girar volumes excepcionais.
O famoso "kit eleições", formado pelas ações das grandes estatais negociadas em bolsa, evidenciam a motivação relacionada ao cenário político. A alta mais impressionante foi nos papéis da Eletrobras: 18,3%. A disparada só foi inferior, na história recente da empresa, à do dia em que o governo Temer anunciou a decisão de privatizar a empresa de energia elétrica. As da Petrobras também saltaram 11%, enquanto as do Banco do Brasil avançaram 9,6%. Esse comportamento se deve a uma das principais propostas de Paulo Guedes, coordenador econômico do candidato Jair Bolsonaro (PSL): passar todas as estatais para o setor privado.
Nem o clima mais rarefeito no Exterior, com declarações inesperadas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) sobre a possibilidade de uma alta mais brusca do juro americano, arrefeceu os ânimos. Com feriado em Nova York, a bolsa brasileira operou sem sua mais firme referência, embora na Europa tenham ocorrido
quedas superiores a 1%, pouco frequentes.
– O mercado brasileiro ficou reprimido durante muito tempo, por uma série de fatores, como o crônico problema fiscal, enquanto lá fora caíam recordes. Agora, a perspectiva de vitória de (Jair) Bolsonaro colocou no preço dos ativos o que não havia sido possível por conta dos nosso problemas. Os ativos mais defasados, que eram de empresa relacionadas ao Estado, foram os que mais se beneficiaram – avalia Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama.