Será ministrada nesta terça-feira (17) a última dose amarga da conta da paralisação do setor de transporte que marcou maio. O Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do mês virá com tombo severo, isso é certo.
Há divergências sobre o tamanho. O termômetro semelhante do Itaú Unibanco registrou declínio de 1,2%. A projeção da GO Associados para o IBC-Br é de baque de 2,2%. Basta lembrar que o IBC-Br faz a conta com base nos desempenhos que despencaram no mês – na indústria, 10,9%, no varejo ampliado, 4,9% e nos serviços, 3,8%.
Em abril, o IBC-Br havia subido tímido 0,46%. Desde janeiro, o panorama é melhor, com alta de 1,55%, mas qualquer variação em maio que supere esse número – o que é altamente provável – deixa o ano no zero a zero. A melhor expectativa, neste 2018 condicionado por maus humores externos e uma eleição imprevisível no Brasil, é para o mês de junho. A virada do semestre assinalou a entrada no desconhecido.
É preciso observar que a greve dos caminhoneiros, com apoio decisivo de transportadoras e até de entidades empresariais, piorou muito o cenário da economia no país. Mas também é preciso lembrar que a retomada de 2018 não vinha entregando o que se esperava dela antes do caos nas estradas, nos postos e nas prateleiras. A pior herança da mobilização, além das perdas que segmentos inteiros precisam recuperar – e se puderem, vão fazê-lo elevando preços – veio com as soluções adotadas pela perdida equipe do Planalto.
A redução do preço do diesel ainda não foi cumprida integralmente. Mesmo assim, paralisou a importação de empresas independentes. O preço mínimo do frete criou impasse entre transportadores e seus clientes e tem solução projetada só para agosto. As multas, que tinham intenção punitiva e arrecadatória, mereceram anistia no bojo da “farra fiscal” promovida no Congresso antes das férias parlamentares. Até outubro, incertezas só vão crescer.