Todos os sinais já foram dados: caiu o presidente da Petrobras comprometido com repasses imediatos ao preço dos combustíveis das variações da cotação internacional do petróleo e do dólar, o Planalto se movimenta para acelerar a montagem de uma fórmula palatável para o mercado financeiro e a economia real, empresários e economistas de peso já relativizam a necessidade de reajustes diários. Vai mudar.
A tese do momento foi apresentada pela Petrobras, ainda sob comando de Pedro Parente, durante a greve. Para evitar a própria extinção, o governo Temer aceitaria compensar altas no petróleo e no dólar com reduções temporárias na alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Valeria não só para o diesel, mas para gasolina, etanol e gás de cozinha. São contas que não foram acertadas com a população – pior ainda, com o eleitorado – depois da greve dos caminhoneiros. É a volta à origem desse tributo, que nasceu flutuante para substituir subsídio.
Mas só a admissão da hipótese provocou arrepios: se a arrecadação cair, como fica a situação fiscal? Analistas de mercado já avisaram que pode ser bom para a estatal, mas não para o país, porque não é sustentável no tempo. Como a política atual se mostrou ainda mais insustentável – assim como a tentativa de solução, com subsídio e controle de preços, como nos anos 1980–, é uma questão de encontrar o equilíbrio. A reação no mercado será acentuada na proporção inversa da adequação das contas.
Bem longe do desorientado Planalto, há um alívio de curto prazo: está marcada para o dia 22, em Viena, a reunião anual da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
A maioria dos analistas do cenário global conta com anúncio de "substancial aumento" na produção de Arábia Saudita e Rússia. Com mais óleo circulando, cai o preço. Só nos anos 1970 o Brasil dependeu tanto da Opep.