Apesar da mudança da sede da Gerdau para São Paulo, Jorge Gerdau Johannpeter mantém alguns ritos na Capital. Nesta terça-feira (3), participou do lançamento do The Best Jump, competição hípica que venceu, como cavaleiro, em 1970. Em entrevista exclusiva à coluna, deixou clara sua posição sobre o julgamento previsto para amanhã no Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que a família vai “manter laços” com Porto Alegre.
O que esperar da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)?
O Supremo tem uma responsabilidade enorme, porque no mundo inteiro o regime de prisões funciona. O Brasil é um dos únicos países que adotou o sistema em que há tantas instâncias sobre análise de uma acusação. Quando entra nesse caso o ex-presidente Lula, é um tema tremendamente delicado, com conflitos de interesses. Se o país quiser construir uma sociedade séria, o sistema processual tem de andar rápido. O atual ainda é lento, comparado a outros países. A votação define um pouco do que queremos ser. É extremamente importante que se analise esse tema não só sob a pressão momentânea, mas dentro da visão estratégica de que país queremos construir. O mecanismo da Lava-Jato é uma pressão enorme e necessária para que se vença a corrupção. Mas o trabalho da Lava-Jato precisa também de uma Justiça que ande o mais rápido possível, que se criem mecanismos para vencer a corrupção.
O que está em jogo é um modelo...
(interrompe)... É uma definição política de longo prazo. O difícil é quando tem uma pessoa como o ex-presidente (Lula). Lógico que aí as pressões funcionam sob interesse do momento e não da Constituição.
A mudança da sede da Gerdau para São Paulo foi uma decisão difícil para a família?
Eu e a maioria da família vamos continuar morando em Porto Alegre, então não vamos deixar desaparecer nossos vínculos com a comunidade, especialmente os aspectos históricos e emocionais. Agora, a postecipamos (adiamos) muito a mudança. Percentualmente, o Rio Grande do Sul hoje significa 3% a 4% das atividades da empresa. E como praticamente toda a economia do Brasil é comandada desde São Paulo, seja sistema financeiro, seja as grandes empresas nacionais, é muito difícil estar fora dessa estrutura.