A queda violenta da bolsa de Nova York acende a luz de alerta sobre o rali nas bolsas globais. Tombos do tamanho do ocorrido nesta segunda-feira (5), de 4,6%, não são apenas raros, são um sinal, um sintoma. Embora seja cedo para concluir que seja o estouro da bolha, certamente desinfla a euforia que vem marcando o mercado de capitais em todas as latitudes desde o segundo semestre do ano passado.
Na Europa, as quedas do dia não passaram de 2%, mas no Brasil, que costuma operar de olho em Nova York, o declínio foi mais dramático, de 2,59%.
Na semana passada, a coluna abordou o aumento da volatilidade no mercado financeiro – especialmente em bolsa e dólar, a partir da visão do banco de investimentos Goldman Sachs. Variações abruptas depois de um longo rali global estavam no cenário global da instituição, um dos maiores bancos de investimento do mundo. Na ocasião, Ricardo Puggina, diretor do Goldman em Miami, observava que a maior ameaça ao cenário benigno que levou a recordes na bolsa de Nova York a São Paulo seria o superaquecimento da economia dos Estados Unidos, resultado da reforma tributária de Donald Trump.
Na avaliação do economista, um estímulo do tamanho do representado pelo corte de impostos não veio no melhor ponto do ciclo. Ele afirmava que a melhora no desempenho das empresas, quando o desemprego nos EUA está baixo, poderia pressionar a inflação. Isso poderia levar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a elevar o juro básico acima das expectativas. Isso provocaria queda de valor das moedas emergentes, entre as quais o real, ante o dólar. No aspecto racional, esse foi o raciocínio que prevaleceu nesta segunda-feira. Mas o tamanho da queda indica que há outros elementos na reação, além da lógica.